ColunistasDestaquesFórmula 1Post

RBR explora brecha no regulamento para evitar que Pérez lide com punição no GP do Catar

O time austríaco explorou uma brecha que raramente é utilizada. Pérez foi devolvido para a pista após um abandono, cumpriu a punição e evitou de perder posições no Catar. Regra pode ser revisada pela FIA

No GP do Japão a Red Bull viveu uma dualidade em pista, enquanto Max Verstappen desfrutou de um fim de semana perfeito, Sergio Pérez esteve abaixo da performance do companheiro de equipe. Na corrida realizada no domingo, o piloto mexicano se envolveu em incidentes logo no começo da prova, que levaram ao abandono de Pérez.

Algumas voltas da corrida se passaram, a Red Bull fez algumas avaliações no equipamento do mexicano e Pérez retornou ao carro, com o intuito de cumprir uma das duas punições que foram aplicadas pelos comissários ao piloto. Com essa manobra, Pérez e a equipe evitaram que o competidor carregasse uma penalidade para o GP do Catar.

A primeira infração de Sergio Pérez por realizar uma ultrapassagem com o Safety Car em pista, o piloto recebeu cinco segundos de punição e 2 pontos na superlicença. O mexicano que já tinha cumprido uma punição, foi punido uma segunda vez depois que iniciou um duelo com Kevin Magnussen e na tentativa de realizar a ultrapassagem, tocou no carro do adversário. O dinamarquês rodou e perdeu algumas posições, esta colisão gerou um dano na asa dianteira e na suspensão dianteira, prejudicando a permanência de Pérez na pista.

Na ocasião, Pérez retornou aos boxes para mais reparos, mas o mexicano não tinha muitas condições de se manter em pista, desta forma ele seguiu para os boxes na volta 14, abandonando por fim a corrida.

Após incidente com Kevin Magnussen, Pérez recebeu mais uma punição de cinco segundos e a perda de dois pontos na superlicença. Por conta de um texto vago no regulamento esportivo a equipe optou por retornar com Pérez para a pista, permitindo que o piloto cumprisse a punição recebida – Foto: reprodução Pirelli

Pouco depois a Red Bull começou a trabalhar ativamente nos boxes até que por fim, Pérez retornou para o traçado no giro 42, não para verificar o carro ou completar algumas voltas, foi apenas para ter a chance de cumprir a punição recebida pelo incidente com Magnussen.

A manobra de retornar para a pista depois de um abandono não é algo muito comum e em outra ocasião que foi utilizada, evidenciou um problema no regulamento.

O Artigo 54.3 do regulamento esportivo aborda as penalidades que um piloto pode receber ao cometer alguma infração em pista ou se envolver em um incidente como uma punição de 5/10 segundos, drive-thoughs e stop/go. O artigo ainda menciona que se “qualquer uma das quatro penalidades for importar a um piloto, e ele piloto não puder cumprir a punição devido um abandono na sessão sprint ou da corrida, os comissários poderão impor uma penalidade como perda de posição no grid na próxima corrida.”

LEIA MAIS: Sem punição para Verstappen! Holandês recebe duas reprimendas dos comissários após classificação em Singapura 

Apenas a ideia de ter a punição de Pérez revertida em uma perda no grid da próxima corrida, fez com que a Red Bull optasse por retornar com o piloto para a pista. As punições também podem se tornar um tempo que será acrescentado ao final da prova do competidor, mas depende muito da interpretação dos comissários e da regra.

Com dúvida do que aconteceria com Pérez, a Red Bull tomou uma atitude, contatando a FIA para que Pérez conseguisse retornar à pista. No Catar a Fórmula 1 realizará mais um evento com Sprint, corrida que Max Verstappen deve celebrar o terceiro título da carreira.

Após recolher o carro aos boxes a Red Bull devolveu Pérez à pista – Foto: reprodução Red Bull Racing

Por conta da autorização da FIA, Pérez então retornou ao traçado para completar apenas uma volta. A Sky Sports afirmou que a FIA não ficou muito satisfeita com o fato de a Red Bull ter usado uma brecha do regulamento para tomar tal atitude com Pérez e a regra pode passar por uma revisão.

No entanto, o Mirror Sport também abordou essa questão e comentou que a FIA, mas na visão do site, acreditam que a FIA “não terá pressa em fazer qualquer mudança nas regras para impedir que as equipes realizem malabarismos semelhantes no futuro. Até porque, embora já tenha acontecido antes, tal reviravolta é rara na Fórmula 1.”

LEIA MAIS: FIA admite erro por não ter aplicado punição para Max Verstappen em Singapura 

Os regulamentos técnicos são explorados pelas equipes de Fórmula 1 para encontrar brechas para a fabricação dos seus carros, enquanto também faz parte da artimanha, explorar uma brecha no regulamento esportivo para ter alguma vantagem. Por mais que o regulamento seja extenso, tentando prever diversas situações em pista, em alguns momento ele é mais amplo, permitindo interpretações.

Após a prova de Singapura a FIA precisou admitir que estiveram errados ao não aplicar punições no grid para Max Verstappen depois de atrapalhar outros competidores. Com a classificação concluída, o piloto holandês e Logan Sargeant receberam apenas uma reprimenda por ter atrapalhado adversários em pista – algo que gerou punições em todas as outras corridas, mas foi interpretado de forma diferente pelos comissários da corrida.

Mostrar mais

Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo