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Com performance imbatível Max Verstappen domina GP do Japão

Max Verstappen foi soberano no Japão não deixando espaço para os adversários. Altas temperaturas e pista abrasiva influênciam diretamente nas estratégias escolhidas para a corrida

Voltamos a programação normal no GP do Japão. Max Verstappen dominou os treinos livres, classificação e corrida, faturando a 48ª vitória da carreira e por suas mãos, a Red Bull celebrou a conquista do 6° título mundial.

Sergio Pérez participou da festa, mas não da corrida. O piloto se envolveu em alguns incidentes no começo da prova, precisou passar por duas trocas da asa dianteira, antes da equipe optar por recolher o carro do piloto mexicano – ciente que dificilmente ele teria um bom resultado sem a ação do Safety Car. Um retrato de como tem se desenhado a temporada 2023, um Vestappen que tem um ótimo domínio, controle, enquanto Pérez tem cometido vários deslizes.

Pérez não andou próximo do companheiro de equipe, Verstappen esteve neste fim de semana, sempre um passo à frente. Era esperado que Pérez faturasse um pódio para a equipe, realizando uma escalada no pelotão, mas destruiu as chances no começo da prova. A dobradinha era ao menos importante no Japão com o time gaturando o sexto título de construtores

Em uma temporada que a Red Bull deu as cartas, a equipe conquista o título do Mundial de Construtores com seis corridas de antecedência.

Agora falando um pouco sobre a prova: Max Verstappen não conseguiu liderar todas as voltas da corridas, por conta da primeira parada realizada, mas o piloto esteve sempre à frente dos seus concorrentes.

Depois do Safety Car se retirar da pista, Max Verstappen comandou a corrida, poendo cruzar a linha de chegada com mais de 19 segundos de vantagem para Lando Norris – Foto: reprodução Red Bull

Por conta das altas temperaturas observadas ao longo de todo o fim de semana, ficou claro que a corrida em Suzuka precisaria ser realizada com duas paradas. Verstappen admitiu que essa era a sua escolha quando largou com os pneus médios e em sua primeira troca de compostos, usou mais um jogo de pneus médios novos. A terceira parada aconteceu na 37 para o holandês depois de Charles Leclerc e Lewis Hamilton desencadearem a segunda troca de pneus no giro 34.

Para manter uma boa performance e ampliar a distância para os adversários, Verstappen fez a sua segunda troca, não correndo ricos, principalmente se um Safety Car surgisse mais para o final da corrida.

Na McLaren, a estratégia para Lando Norris e Oscar Piastri foi um pouco semelhante. Durante largada Norris atacou Max Verstappen, enquanto o holandês escolhia levar o carro para a direita, para se prevenir de ser atacado por Piastri. Como o piloto australiano foi atrapalhado pelo competidor da Red Bull, precisou recuar para a terceira posição.

A corrida seguiu e a McLaren optou por realizar primeiro a parada de Piastri – que aconteceu na 13ª volta da corrida – performando melhor com um jogo novo de pneus duros, o australiano conseguiu o undercut no companheiro de equipe. A corrida seguiu e com a tentativa da Ferrari e Mercedes se aproximarem da dupla da McLaren, o time britânico precisou optar pela inversão das posições, desta forma uma ordem de equipe foi dada aos competidores, Norris retomou o segundo lugar durante o giro 26. Uma nova rodada de paradas aconteceu após a volta 30, para aqueles competidores que optaram por realizar a corrida com duas trocas de pneus.

A McLaren evitou desgastes e atritos entre os pilotos da McLaren e garantiram um pódio duplo, além do primeiro pódio de Piastri na Fórmula 1, o saldo foi positivo. Vale lembrar, que existia uma tensão relacionado ao P3 do australiano, pois se um Safety Car surgisse no final da prova, ele poderia ser facilmente superado por competidores com os pneus mais novos. O carro de segurança não surgiu Piastri parou de bater na trave para a conquista do pódio.

Mercedes, abordagem oposta à da McLaren

No GP do Japão tivemos mais um duelo travado entre Lewis Hamilton e George Russell – Foto: reprodução Pirelli

Sabemos que é importante deixar os companheiros de equipe duelarem na pista, mas a Mercedes assumiu alguns riscos neste fim de semana, permitindo mais uma vez que George Russell e Lewis Hamilton se enfrentassem em pista. O último duelo – aquele que ocorreu em Singapura – não foi concluído da melhor forma, Russell cometeu um erro e estampou o muro na última volta, perdendo um pódio que era claro.

Nesta corrida, Russell e Hamilton voltaram a se enfrentar, em um ritmo muito parecido no começo da prova por conta das escolhas dos pneus. A Mercedes optou por ‘descasar’ o encontro dos pilotos, realizando a parada de Hamilton primeiro e mantendo Russell por um pouco mais de tempo em pista.

Pela escolha da Mercedes, parecia que Russell teria certa vantagem no final da prova, mas com Hamilton o time alemão trabalhou a estratégia de duas paradas, enquanto Russell ficou apenas com um pit-stop. Com um novo encontro dos pilotos, onde Hamilton precisava ultrapassar Russell, o dono do carro #63 tentou se impor no duelo. A equipe precisou intervir, pedindo para Russell abrir passagem para o companheiro. Entre diversas trocas de rádio, enquanto eles duelavam em pista, Russell ainda pediu uma ajuda para Hamilton relacionada ao DRS, para tentar evitar o ataque de Carlos Sainz.

A ideia era usar a mesma manobra que Sainz fez com Norris em Singapura, para bloquear justamente a ação da Mercedes, mas ficaram apenas na expectativa. Hamilton tinha uma performance melhor e tentava se aproximar de Charles Leclerc para faturar a quarta posição.

Por conta do duelo com Russell e por ter pedido um pouco de tempo com o companheiro de equipe, a aproximação de Hamilton em Leclerc não foi tão efetiva. Carlos Sainz ultrapassou o dono do carro #63, faturando o sexto lugar, enquanto Russell precisou se contentar com o sétimo lugar.

A Mercedes demorou para intervir, nesta corrida Toto Wolff não estava com o time, por conta de uma cirurgia que acabou realizando, Jérôme d’Ambrosio comandou a equipe no Japão, mas precisou de uma intervenção externa – de Wolff solicitando para a equipe agir e ordenar que o duelo entre Russell e Hamilton fosse cessado.

Os pneus da rodada

Performance dos pneus disponíveis para o GP do Japão -Foto: reprodução Pirelli

Estavam disponíveis para essa etapa os pneus da gama mais duram, compostos que operam melhor neste circuito por conta dos níveis de abrasividade da pista e da exigência desse circuito que conta com formato de 8.

Junto ao nível de abrasividade, ao longo de todo o fim de semana as altas temperaturas foram observadas no circuito, influenciando diretamente na durabilidade e ação dos compostos. Como recomendação, a Pirelli acreditava que duas paradas seriam necessárias para essa corrida ser concluída e de fato isso aconteceu – duas trocas de pneus foram a escolha mais popular do fim de semana. Russell concluiu a corrida com uma parada, enquanto Zhou Guanyu, e Nico Hülkenberg precisaram de três paradas.

Estratégias adotadas ao longo do GP do Japão – Foto: reprodução Pirelli

Para a largada, treze dos 20 pilotos, começaram a corrida com os pneus médios. A grande surpresa foi a escolha dos pneus macios para o começo da corrida, opção de sete competidores antes da largada.

Após o início da corrida, algumas colisões fizeram os pilotos recorrem aos boxes entre a primeira e a segunda volta, abandonando o plano inicial de ter mais aderência e atacar os adversários. Valtteri Bottas foi um dos pilotos afetado no início da corrida e resto de peças do seu carro atingiram Zhou Guanyu que estava na mesma estratégia que o finlandês.

A Alfa Romeo insistiu na estratégia de utilizar os pneus macios no começo da corrida, Zhou realizou mais uma parada na décima volta, instalando mais um jogo de pneus macios, enquanto na volta 29 cumpriu a parada obrigatória instalando os duros que obriga a necessidade de usar dois compostos de gama diferente. Valtteri Bottas poderia ter conseguido um resultado melhor, mas foi o primeiro competidor a abandonar.

Temperatura registrada ao longo do GP do Japão – Foto: reprodução Pirelli

C1 (faixa branca – pneus duros): os pneus duros provavelmente estavam incluindo nos planos das equipes quando as temperaturas registradas no circuito eram altas. O nível de abrasividade também precisou entrar nesta conta.

Esteban Ocon praticamente completou a corrida usando apenas pneus duros. O francês esteve envolvido no incidente da largada e após começar a prova com os pneus médios, instalou os compostos duros para fazer um stint maior. Sua segunda parada aconteceu na volta 28, desencadeando as trocas do restante do pelotão, a Alpine optou por mais um conjunto de pneus duros.

Fernando Alonso entrou em uma batalha com a Alpine, mas mesmo com o último jogo de pneus duros mais velho, conseguiu se distanciar dos adversários para salvar a oitava posição para a Aston Martin. Pierre Gasly que realizou a sua segunda troca de pneus na volta 34, foi autorizado a ultrapassar o companheiro de equipe para buscar Alonso.

Gasly não conseguiu realizar a ultrapassagem como imaginava e no final da corrida, a Alpine solicitou ao piloto que devolvesse a posição para Ocon. O acordo para a inversão dos competidores foi acordado entre a Alpine e Ocon, deixando Gasly frustrado no final da corrida. A decisão foi ruim até mesmo para o Campeonato, pois nesta prova Gasly poderia ultrapassar Lance Stroll na tabela de pontos.

C2 (faixa amarela – médios): por conta das altas temperaturas, os pneus médios eram uma decisão melhor para a largada, pois oferecerem um pouco mais de durabilidade. Pensando desta forma, treze competidores largaram com esse composto.

Como mencionado no duelo da Alpine, Ocon começou com esse composto e deveria seguir o mesmo plano estabelecido para Gasly, mas se envolveu no incidente do começo da prova. Pérez e Albon também foram forçados a parar no começo da corrida. Albon seguiu com os pneus médios, enquanto Pérez tinha os compostos duros instalados.

A Red Bull imaginava que ao substituir a asa dianteira de Pérez e fornecer os pneus duros para o piloto, ele permaneceria mais tempo na pista e poderia ser beneficiado no momento que as paradas regulares fossem iniciadas. No entanto, Pérez se envolveu em um incidente com Kevin Magnussen que custou a necessidade de instalar uma nova asa dianteira e o piloto fez mais três paradas nos boxes, abandonando a corrida na volta 14.

Mais tarde, Pérez retornou para a pista para cumprir as punições pelos incidentes que esteve envolvido.

C3 (faixa vermelha – macios): mesmo fornecendo mais aderência no começo da corrida, não parecia ser tão ideal usar esses compostos no começo da corrida, por conta do peso dos carros, somado a temperatura em pista e o nível de abrasividade. Mas alguns competidores se arriscaram. A corrida de Yuki Tsunoda e Liam Lawson foi mais tranquila usando esses compostos no começo da prova.

A dupla da AlphaTauri esteve em um ritmo semelhante e fizeram as paradas bem próximas. Bateram na trave com relação a conquista de pontos, pois Lawson foi o 11° colocado, enquanto Tsunoda faturou a décima segunda posição.

Ninguém utilizou esses pneus no final da corrida, pois não tivemos um Safety Car que colaborasse para completar algumas voltas com esse pneu. Para os que usaram no começo da corrida, foi uma escolha interessante, mas com parte do pelotão intermediário e final tendo uma ideia semelhante, as batidas foram inevitáveis.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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