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Sem boas referências do TL2, estratégia de duas paradas é a escolha efetiva para o GP de Abu Dhabi de 2023

Após o TL2 ser comprometido, equipes apostam na zona de segurança e trabalham com estratégia de duas paradas para o GP de Abu Dhabi

Neste último fim de semana, marcando o encerramento do campeonato a Fórmula 1 esteve em Abu Dhabi para disputar a rodada final da temporada 2023. Max Verstappen faturou mais uma vitória marcando um ano de completo domínio da Red Bull, em especial do holandês.

No Circuito de Yas Marina, diferente do que era esperado, nenhum carro deixou de completar a prova por abandonos em decorrência de falhas do motor ou do equipamento. Geralmente, por ser a última etapa do ano, os times configuram os carros para que eles possam entregar o máximo do seu potencial, pois já completaram o ciclo de entrega do ano. Foi surpreendente o que as fornecedoras de motores conseguiram fazer neste campeonato.

Max Verstappen faturou o seu terceiro título em 2023, chegado em Abu Dhabi da mesma forma como iniciou a temporada: com vitória. Ao todo o holandês chegou a 19ª vitória em um mesmo ano, um feito maior do que o de vários pilotos que passaram pela categoria. Ao longo de 22 duas provas, a Red Bull apenas não venceu em Singapura, essa foi a prova que o time teve um desempenho bem abaixo do que apresentou ao longo de todo o Campeonato.

Ao concluir o GP de Abu Dhabi, o holandês foi o único competidor a percorrer todas as 1003 voltas em uma mesma temporada. O piloto completou todos os 22 GPs que foram disputados neste ano.

Estratégias do GP de Abu Dhabi

Mesmo usando a gama macia de pneus, ano após ano, ainda não temos uma estratégia bem definida para o GP de Abu Dhabi. O que sabemos com precisão é que os pneus macios praticamente serão ignorados das estratégias, mas os compostos médios e duros vão fazer o trabalho mais difícil: operar ao longo do domingo.

Por conta do TL2 comprometido em decorrência dos períodos em bandeira vermelha, os times perderam a referência para o domingo. Com a percepção que os compostos estavam degradando mais, optaram por trabalhar com uma estratégia de duas paradas, usando principalmente os pneus médios e duros combinados.

A Pirelli acreditava que a estratégia de uma parada seria a melhor opção para concluir a prova, mas os times optaram por realizar uma segunda parada. As trocas de composto começaram relativamente cedo para a maior parte do pelotão, tornando cada vez mais difícil concluir a corrida com apenas uma troca de pneus. Kevin Magnussen foi o primeiro a se dirigir aos boxes, com a sua parada acontecendo na quinta volta, enquanto Daniel Ricciardo substituir os seus pneus médios no sétimo giro. As trocas de outros competidores começaram de forma efetiva após o décimo terceiro giro.

A Pirelli acreditava que a estratégia de apenas uma parada seria a adotada ao GP de Abu Dhabi – Foto: reprodução Pirelli

Entre os dez primeiros colocados, Yuki Tsunoda foi o único competidor que conseguiu concluir a corrida com apenas uma troca de pneus, no entanto, isso custou um resultado melhor para o piloto japonês, pois ele foi ultrapassado por Oscar Piastri e Fernando Alonso. Próximo do encerramento da corrida, Tsunoda ainda travou mais uma disputa direta nesta temporada com Lewis Hamilton, para assegurar o oitavo lugar e mais alguns pontos para a AlphaTauri.

Além de Yuki Tsunoda que concluiu a prova com apenas uma troca de pneus, Esteban Ocon também lidou com está escolha da equipe.

As estratégias trabalhadas ao longo do GP de Abu Dhabi – F1 – Foto: reprodução Pirelli

Grande parte do grid optou por largar com os pneus médios, mesmo com esses compostos tendo uma durabilidade menor com os carros mais pesados. No entanto, para aqueles que começaram a corrida com os pneus de faixa amarela, contaram com mais aderência para a largada.

Apenas Lance Stroll, Carlos Sainz e Valtteri Bottas começaram a corrida com os pneus duros. A corrida de Sainz foi comprometida por essa escolha da Ferrari, após realizar uma classificação ruim no sábado e ficar preso no Q1, o piloto teria muito trabalho para realizar quando a prova fosse iniciada. Sainz tentou remar no pelotão, mas os pneus duros não entregaram o que era necessário para fazer as ultrapassagens, o piloto espanhol ainda acabou preso no tráfego.

Quando Sainz realizou a sua primeira parada nos boxes – muito próximo do stint daqueles que começaram a corrida com os pneus médios – a Ferrari optou por instalar um segundo jogo de pneus duros. Sainz foi permanecendo na pista, com a Ferrari definindo a estratégia do espanhol, baseada na possibilidade de surgir um Safety Car no final da prova. A corrida não foi neutralizada e quando Sainz parou nos boxes – na volta 56 – perdeu muito terreno no grid e saiu da zona de pontuação. O espanhol recolheu o carro para os boxes no penúltimo giro, não recebendo a bandeirada junto com os outros competidores.

Ação dos pneus para o GP de Abu Dhabi – Foto: reprodução Pirelli

Apenas Lance Stroll que começou a corrida com os pneus duros, chegou à zona de pontuação, o canadense foi o décimo colocado, faturando mais um ponto em 2023. Valtteri Bottas concluiu a corrida com apenas a troca obrigatória de pneus, mas foi apenas o décimo nono colocado com o carro da Alfa Romeo.

O pneu macio não fez parte das estratégias dos competidores, mas Carlos Sainz teve um composto macio instalado no final da prova, para cumprir o uso obrigatório de dois tipos de pneus na prova.

“Como era geralmente previsto, o composto C3 foi de longe o mais popular, enquanto o C5 só foi utilizado por Sainz durante uma volta, que nem sequer completou o final da corrida. A diferença entre as estratégias de uma e duas paradas foi muito pequena em nossas simulações pré-corrida, mas no final quase todos optaram pelas duas paradas, principalmente por razões táticas, visto que a degradação foi relativamente baixa. Na verdade, numa pista onde o undercut é sempre muito eficaz, é claro que quando um piloto iniciava a série de paradas nas boxes, quaisquer outros pilotos que lutassem com ele tinham de fazer o mesmo para evitar serem ultrapassados ​​por alguém que explorasse pneus novos. Isto foi visto não apenas entre os líderes, mas também entre os mais atrás, enquanto alguns pilotos tentaram algo diferente, alguns indo para uma parada (Ocon, Tsunoda e Bottas), alguns, como Sainz, esperando por um Safety Car, outros indo para um segundo trecho mais longo, tentando aproveitar ao máximo a diferença nos níveis de aderência entre pneus novos e usados ​​nas etapas finais, em particular Perez e Stroll. Verstappen, de sua posição de superioridade, reagiu aos movimentos de seus rivais mais próximos no primeiro trecho e depois esperou que eles voltassem aos boxes, antes de fazer sua segunda parada em perfeita segurança”, comentou Mario Isola da Pirelli.

Com a prova sendo realizada no entardecer e anoitecer de Abu Dhabi, o traçado continua com temperaturas altas, algo que também dificulta na utilização dos pneus macios. A pista parecia estar mais abrasiva aos compostos neste ano, diferente do que foi enfrentado no ano passado. E como mencionado no início do texto, parece que as estratégias não estão bem definidas para Abu Dhabi, ainda é possível concluir a corrida com uma ou duas paradas e até uma terceira troca pode ser avaliada se surgir um Safety Car, tudo depende de como o restante do pelotão vai reagir ao que está acontecendo ao longo da corrida.

Mesmo sabendo que os pneus macios não seriam usados na corrida, algumas equipes não reservaram dois jogos de pneus médios para a corrida e mesmo aqueles que reservaram um segundo jogo, não utilizaram o composto durante a prova. Apensa Zhou Guanyu fez um stint com dois pneus médios, mas o piloto concluir a corrida apenas à frente de Carlos Sainz, ocupando a 17ª posição.

Pneus que foram separados para a realização do GP de Abu Dhabi – Foto: reprodução Pirelli

A Mercedes faturou a segunda posição do Campeonato de Construtores, pois George Russell foi o terceiro colocado no pódio de Abu Dhabi. Mesmo o segundo lugar de Charles Leclerc não foi capaz de colocar o vice-campeonato nas mãos da Ferrari.

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Sergio Pérez foi punido com cinco segundos por uma colisão com Lando Norris. O mexicano estava apresentando um bom ritmo na corrida e poderia ter participado do pódio. Charles Leclerc tentou usar o adversário para salvar o vice de construtores para a Ferrari, quando Pérez se aproximou do monegasco, o piloto deixou a livre passagem para o adversário, na expectativa que Pérez conseguisse abrir cinco segundos, para anular o possível pódio de Russell. No entanto, Pérez não conseguiu abrir o que era necessário, com a punição aplicada ao mexicano no final da prova, o competidor caiu para a quarta posição, anulando os esforços do monegasco.

Em 2023 restaram para Mercedes e Ferrari duelar pelo vice-campeonato, mas a Mercedes demonstrou mais interesse por esse resultado, embora contasse com um carro ruim em boa parte da temporada. A Ferrari também teve o desempenho que pouco agradou, mascarado entre novos erros que comprometeram a conquista de pontos.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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