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Para pensar sobre as Grid Girls

Nas últimas 24 horas, depois que a Liberty Media informou ao público que na temporada de 2018 não teremos mais Grid Girls na composição do Grid, alguns questionamentos foram levantados, como o que vai acontecer com o trabalho destas meninas e se alguém havia escutando-as para tomar essa decisão e até mesmo se ela havia partido depois de protestos de movimentos feministas.

Primeiramente, ninguém perdeu o seu emprego, essas meninas que vão como modelos para a Fórmula 1 são contratadas por agências, elas não fazem parte da empresa que administra a Fórmula 1 e eles só optaram por não utilizar mais este tipo de serviço. A pressão para que isso ocorresse foi apenas por decisão dos donos mesmo, não tivemos movimentos, bateção de panela ou nada do tipo para influencia-los, portanto a Liberty apenas decidiu que na sua nova gestão essa atitude não cabe mais, por isso não teremos mais a presença delas. Dá para encarar essa era de mudanças já partindo do pressuposto que o próprio logo foi mudado e agora é tudo ”novo” de novo e eles podem optar por essa forma.

Como bem colocado em um texto da Julianne Cerasoli algumas profissões vão acabar sumindo de acordo com o tempo, então não ter grid girls nos eventos da Fórmula 1 é só mais um efeito desta mudança.

Acredito que a saída das grid girls representa muito quando olhamos para as mulheres que acompanham o esporte, elas querem se sentir bem em ir para o autódromo e se sentirem representadas de alguma forma, querem ser mais que um rostinho/corpo exposto pela transmissão. Fazer essa alteração pode ser um grande passo para que a própria Liberty passe a incentivar mulheres competindo na categoria ou até mesmo apoiando as categorias de base para que ao longo do tempo as meninas também estejam competindo. No paddock mesmo já vemos mulheres trabalhando como engenheiras, chefes de equipes e algumas jornalistas que amam o automobilismo e entendem muito sobre começando a ganhar espaço.

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Se escutaram elas? Bom um site chamado Autoweek realizou este trabalho e Samantha Young deu a sua posição sobre o assunto, informando que não vê a atividade como algo sexista e que ela tem a liberdade de opinar nas roupas que vai usar e o que ela deve fazer no evento. Infelizmente não é a realidade de muitas meninas, nem todas tem essa liberdade, já vi muita modelo nesses anos que frequento os autódromos passando frio porque não podia se cobrir mais pois estava ali para chamar a atenção. É só reparar um pouco o quanto algumas ficam cansadas por estarem usando saltos altos demais, mas acabam fazendo esse trabalho para ter uma renda extra. Se optassem por mante-las algumas coisas poderiam ser melhor formuladas. Como eu já disse, para representar uma marca ligada ao mundo esportivo, seria super legal usar um tênis, por exemplo.

Ninguém está querendo impor regra ou pedindo para que as pessoas aceitem, mas é fato que o mundo está mudando e alguns pensamentos primitivos podem ser alterados, podemos fazer com que o mundo seja melhor para as nossas crianças onde exista mais respeito e opções melhores para todos. Não é nada agradável ir a um autódromo e ficar com medo de se dirigir para um banheiro sozinha e se deparar com homens querendo te tocar, te assediando e te chamando de palavras como vagabunda, puta porque você simplesmente decidiu passar batido.

Essas meninas também sofrem com isso, com homem que chega passando a mão para tirar foto, pedindo telefone entre outras coisas e querem mais que um contato profissional. Enquanto alguns não sabem agir com elas, acabam também não sabendo se portar com meninas que simplesmente frequentam as corridas. Pode ser uma mudança inadequada para muitos, mas para as mulheres faz sim uma grande diferença e é uma coisa que vai se perpetuar ao longo do tempo.

Eu assisto, acompanho corridas e vou no autódromo porque gosto dos carros, do seu som e da adrenalina da competição, então esse espirito vai continuar sendo o mesmo.

O grande problema real não é o que essas meninas querem ser, mas podemos mostrar que existem melhores opções, pensem nas suas filhas/irmãs/namoradas, elas podem estar dentro do automobilismo de outras formas e não sendo desrespeitadas como muitos fazem com as garotas de hoje.

Foto de capa: Grid Girls do Formula 1 Etihad Airways Abu Dhabi Grand Prix de 2015

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

6 Comentários

  1. Que texto merda. Como se ter grid o girls impedisse elas de fazer outra coisa lá. Eu também fico desconfortável usando gravata debaixo do sol, mas uso assim mesmo.

  2. “A pressão para que isso ocorresse foi apenas por decisão dos donos mesmo”
    Quanta ingenuidade. Ninguém toma decisão de um negócio que envolve muita grana baseado apenas em feelling individual. Claro que toda essa onda de politicamente correto influencia nessas decisões.
    Você acha que um pedreiro não se sente incomodado em trabalhar em péssimas condições ergonômicas ou embaixo do sol quente? E se as condições estão ruins o que se deve fazer é lutar para melhorá-las.
    Querem representação no evento? Que se incentive meninas a pilotarem desde criança. O fato de haver Grid Girls não impede que tenhamos mulheres pilotando. Ou você acha que as pomponetes nos jogos de futebol impediram de se ter jogadoras ? Ou as ring girls impedem de haver lutadoras de mma?

    Se alguém sofre com algo , a solução é tirar o direito desse alguém de frequentar o espaço? Se seu filho sofrer bullyng, a solução é tirá-lo da escola?

    Pois saiba que se elas não forem as assediadas possivelmente serão outras mulheres que por ali estão.

    1. Quando falo que a decisão foi da empresa é porque eles realmente optaram por tirar as grid girls, sim outros fatores externos podem ter sido levados em conta como pegar o exemplo da Indy Car categoria americana que não usa mais as Grid Girls. O que se vê em muitos grupos depois da notícia divulgada foi o ataque de homens a movimentos feministas e as próprias feministas que como as grandes culpadas sobre a decisão que a Liberty tomou e isso é uma coisa que não condiz.
      O fato de tirar as Grid Girls pode ser sim um incentivo para as mulheres entrarem no automobilismo, veja na época da administração do Bernie Ecclestone esse era um assunto fora de questão e hoje já vemos as possíveis intenções desse incentivo, tirar esse tipo de trabalho dos autódromos pode parecer que não faz diferença mas ao longo dos anos o efeito pode ser grande pois agora nas transmissões eles podem focar nas chefes de equipes, engenheiras e jornalistas que frequentam os autódromos.
      Primeiro que meu filho não deveria sofrer bullying na escola porque todas as crianças deveriam receber educação dos pais em casa para não apontar características diferentes dos outros do contrário eu posso dar um taco de beisebol para ele resolver a treta.

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