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FIA espera que automobilismo seja um território neutro e opta pela proibição de manifestações

A FIA explicou as suas normas barrando as manifestações dos pilotos e aproveitou o momento para definir as punições que serão aplicadas aos pilotos que não seguirem os protocolos

Após a FIA criar mecanismos para controlar as manifestações dos pilotos, a Federação tentou esclarecer os novos regulamentos que foram adotados para limitar a forma como os pilotos se expressão. Sebastian Vettel e Lewis Hamilton foram os pilotos que mais usaram a sua visibilidade e notoriedade na categoria para se manifestar sobre diversas causas e demonstrar apoio. Porém, a FIA espera que a Fórmula 1 e as categorias que seguem os seus regulamentos sejam um território neutro.

Em dezembro do ano passado a FIA provocou um grande alvoroço por realizar alterações no Código Esportivo Internacional, exigindo uma autorização por escrito para fazer uma declaração, manifestações políticas, religiosos e pessoais.

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Depois de um momento muito delicado, onde vários atletas se manifestaram sobre o racismo e cobraram diversidade, alguns eventos optaram por entrar na zona neutra. A FIFA durante a Copa do Mundo do Catar proibiu manifestações políticas e a utilização da bandeira que representa o grupo LGBTQIA+.

É claro que a medida não é bem-vista por diversos atletas. Alguns pilotos comentaram sobre o assunto, achando a medida da FIA extremamente desnecessária.

 

Foto: reprodução

O site Autosport teve acesso ao documento que foi encaminhado pela FIA para os times esclarecendo o ponto das novas medias. O órgão regulamentador insiste que os pilotos são livres para expressar as suas próprias crenças, mas apenas em momentos específicos e em determinadas circunstâncias. O regulamento inclui o Artigo 12.2.1n que são ‘Orientações sobre o Princípio de Naturalidade’.

O artigo em questão é o 12.2.1n: “A confecção e exibição geral de manifestações políticas, religiosas, declarações ou comentários pessoais que estejam claramente violando o princípio geral de neutralidade promovido pela FIA em seus estatutos, a menos que previamente aprovados por escrito pela FIA para competições internacionais ou pela ASN (Autoridade Esportiva Nacional), para competições internacionais dentro da sua jurisdição.”

Os pilotos que desejarem realizar manifestações precisam pedir autorização prévia e os protestos serão analisados pelos comissários de cada etapa. Os pedidos precisam acontecer pelo menos com quatro semanas de antecedência do evento e as solicitações que ocorrerem tardiamente só serão considerados pela FIA em casos excepcionais. A manifestação fora da análise pode gerar punições dentro ou fora das pistas.

As punições são: advertência, reprimenda, multa, serviço comunitário, exclusão de tempos de treino, perda de posição no grid, largada obrigatória do pit-lane, acréscimo de tempo na corrida, voltas punitórias, perda de posição no campeonato, drive-though, stop-and-go, desclassificação, suspensão e exclusão.

Os pilotos podem manifestar as suas opiniões políticas, religiosas e pessoais “antes, durante e depois da Competição Internacional, em seu próprio espaço e fora do escopo da Competição Internacional”, usando suas mídias sociais, durante entrevistas com veículos de imprensa cadastrados ou quando forem diretamente perguntados por jornalistas em coletivas de imprensa durante as provas.

Os pilotos não podem fazer as suas manifestações ou dar declarações durante o desfile dos pilotos, cerimônias do hino nacional, fotos dos grupos dos pilotos pré e pós-temporada e pódio. A FIA ainda esclarece que gestos e vestimentas também estão incluídas nessa proibição.

A Federação tomou essa atitude, pois as categorias chanceladas, mas principalmente a Fórmula 1 correm em diversos países com culturas distintas e essa seria uma forma de não ferir a religião ou crenças de outras localidades.

“Os participantes das competições fazem parte de uma comunidade global com visões diferentes, estilos de vida e valores. Para garantir o respeito a esta diversidade, é fundamental que o esporte a motor permaneça neutro e, portanto, livre de interferências políticas, religiosas e pessoais. O fodo em qualquer competição deve permanecer no esporte a motor e nos desempenhos de equipes e pilotos. Não deve ser usado como plataforma para defesa individual”, afirma a entidade.

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Alguns competidores utilizam os capacetes para fazer algumas manifestações, como foi o caso de Hamilton e Vettel que já usaram em seus cascos pinturas com o arco-íris que o símbolo do orgulho LGBTQIA+. Mesmo com vários esclarecimentos, acredita-se que para a utilização de uma pintura assim no capacete, seria necessário uma autorização prévia ou serão considerados uma violação do novo regulamento.

O piloto mais afetado com as normas sem dúvidas é Lewis Hamilton, que atualmente é um dos poucos pilotos que deixa os seus posicionamentos claros e realiza manifestações. Com a saída de Sebastian Vettel da categoria, o piloto inglês é o que mais usa a sua visibilidade para falar sobre diversas causas. Por mais que vários pilotos não concordem com a proibição, são poucas as declarações ou manifestações que já realizaram.

Após o lançamento do W14, Hamilton deixou claro que seguirá falando abertamente sobre diversos temas: “Nada vai me parar. O esporte ainda tem a responsabilidade de sempre falar sobre as coisas, de criar consciência sobre tópicos importantes, especialmente porque estamos viajando para lugares diferentes”, afirmou o heptacampeão mundial de Fórmula 1.

Enquanto a F1 e a FIA lidam com vários desentendimentos após a entrada de Mohammed Ben Sulayem no comando da FIA, o presidente e CEO da F1, Stefano Domenicali afirma que é necessário manter uma plataforma para discussões.

“A F1 nunca vai por uma mordaça em ninguém. Todos tem algo para dizer então ter uma plataforma para que seja feita de forma correta, é melhor. Temos uma grande oportunidade pela posição do nosso esporte, cada vez mais globalizado, multicultural e multivalorizado”, disse Domenicali.

“Estamos falando de 20 pilotos, 10 equipes e muitos patrocinadores, tem ideias diferentes, visões diferentes. Não posso dizer que um está certo e o outro errado, mas é certo, se necessário dar a eles uma plataforma para discutir suas opiniões de maneira aberta. Não vamos mudar essa abordagem como esporte. Essa deve ser a linha do nosso esporte, dar  a chance de falar de maneira certa, não com tons agressivos ou ofensivos, mas com respeito”, seguiu.

No ano passado o presidente da FIA deixou claro o seu descontentamento com Sebastian Vettel, Lewis Hamilton e Lando Norris que estavam falando abertamente sobre diversos temas dentro da F1.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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