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FIA cria mecanismos para controlar manifestações realizadas pelos pilotos

Tentando se manter 'neutra' FIA só permitirá manifestações que forem previamente aprovadas

A FIA publicou uma versão atualizada no Código Esportivo Internacional, regras que são usadas para reger todas as competições de automobilismo que estão sob a chancela da FIA. Agora os pilotos estão proibidos de realizar manifestações políticas, religiosas e pessoais. Tais manifestações só poderão ocorrer com autorização prévia.

As regras são implementadas e valem a partir de 2023. O órgão regulamentador deseja ter ciência e controle do que será abordado pelas equipes e seus pilotos, principalmente o que será exibido nos capacetes, carros e camisetas. As manifestações começaram a ganhar mais força em 2020 e os pilotos foram organizando os assuntos que poderiam ganhar visibilidade, porém, elas não foram bem vistas por todos.

O artigo é o 12.2.1n: “A confecção e exibição geral de manifestações políticas, religiosas, declarações ou comentários pessoais que estejam claramente violando o princípio geral de neutralidade promovido pela FIA em seus estatutos, a menos que previamente aprovados por escrito pela FIA para competições internacionais ou pela ASN (Autoridade Esportiva Nacional), para competições internacionais dentro da sua jurisdição.”

Novamente a FIA tenta controlar as manifestações realizadas pelos pilotos – Foto: reprodução F1

A alteração acontece depois de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel realizarem diversas manifestações. A Fórmula 1 já tinha promovido mudanças, acontecendo após o piloto inglês subir ao pódio no GP da Toscana de 2020 usando uma camiseta com: ‘Prenda os policiais que mataram Breonna Taylor’, enquanto nas costas tinha uma foto do rosto da jovem, acompanhado de ‘Diga o nome dela’. Taylor foi assassinada a tiros após a polícia invadir sua casa no meio da madrugada quando a polícia tentava cumprir um mandado de prisão, enquanto investigavam o ex-namorado.

Outra violência policial também impulsionou as manifestações de Lewis Hamilton, como foi a morte brutal de George Floyd. O inglês também tratou de dar visibilidade e cobrar justiça. Porém, a tentaram padronizar as manifestações, proibindo a utilização de camisetas no pódio, desta forma os pilotos só poderiam estar com os seus macacões sendo o traje oficial para o pódio e as entrevistas pós-corrida. Também determinaram um espaço de tempo para que as manifestações fossem realizadas durante o evento.

Sebastian Vettel que estava de saída da Fórmula 1, aproveitou prova após prova para abordar temas que achava pertinente, não apenas em seu capacete, como em camisetas que desfilava pelo Paddock e outras ações. O alemão passou a defender causas ambientais e também passou a pesquisar sobre atos individuais relacionados aos países que a Fórmula 1 corre, desta forma fez manifestações pontuais em vários lugares.

Vettel também aproveitou a sua visibilidade para realizar diversas manifestações – Foto: reprodução F1

Hamilton e Vettel se uniram na luta para dar mais visibilidade as pessoas que são LGBTQIA+, o inglês exibiu um capacete com as cores da bandeira que os representam a comunidade, enquanto Vettel também exibiu a mensagem “Same Love”.

Vettel estava um pouco insatisfeito por ter algumas manifestações podadas pela equipe, por conta de a Aston Martin estar visando outros contratos e tentando não se indispor com patrocinadores. Sabemos que a visão da FIA é a mesma, estão tentando evitar problemas com autoridades locais e patrocinadores, principalmente por conta da expansão da categoria.

Mesmo a campanha We Race as One que fora importante, também foi exibida ‘cheia de dedos’, mesmo com o público cobrando mais atitude da categoria e seu posicionamento.

A FIA ressalta que o Código Esportivo Internacional deve ser cumprido de forma rigorosa nos protocolos do pódio.

O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem já tinha mostrado o seu descontentamento com posturas de Hamilton, Vettel e Norris, além de outros pilotos que passaram pela categoria.

“Agora, Vettel dirige uma bicicleta de arco-íris, Lewis é apaixonado por direitos humanos, Norris aborda saúde mental. Todo mundo tem o direito de pensar. Para mim, trata-se de decidir se devemos impor nossas crenças em algo sobre o esporte o tempo todo”, afirmou Sulayem.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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