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Preview do GP do México – A segunda perna de uma rodada tripla nas Américas

A Fórmula 1 segue para o México para mais uma batalha do campeonato. O circuito que já é conhecido de vários pilotos do grid, pode proporcionar uma corrida interessante

Depois de passar pelos Estados Unidos, a Fórmula 1 segue para o México, realizando mais um duelo, para dar sequência a rodada tripla que foi iniciada em Austin e se encerra com o GP de São Paulo.

O ritmo nesta reta final de campeonato se torna extremamente desgastante, com tudo acontecendo de uma vez, em um Campeonato que já temos o piloto e o time que faturou o título da temporada.

A Fórmula 1 vai retornar para os Estados Unidos depois do Brasil para realizar o GP de Las Vegas, prova que antecede a final em Abu Dhabi.

Sobre o campeonato, Sergio Pérez luta para manter a posição como vice-campeão, enquanto é ameaçado por Lewis Hamilton. Correndo em casa, é esperado que o piloto consiga um bom resultado, principalmente por ser impulsionado pela sua torcida.

Pérez conseguiu uma folga nesta luta que trava com o piloto da Mercedes pela vice-liderança. O inglês bateu com o companheiro de equipe no GP do Catar, não conseguindo completar a prova; nos Estados Unidos Hamilton terminou a prova na segunda posição, mas foi desclassificado. O mexicano chega para a balha em seu país com 39 pontos de vantagem para Hamilon e não corre o risco de perder a vice-liderança correndo em casa.

Sergio Pérez precisa aproveitar as últimas etapas para encontrar o seu ritmo – Foto: reprodução Red Bull

Por não ser um fim de semana Sprint é esperado que Pérez possa entregar um pouco mais, pois como sentir o carro nos treinos livres e se preparar para a classificação e corrida. O azar de Hamilton nas duas etapas deu uma folga para o mexicano, mas Pérez ainda conta com um desempenho que não casa com o equipamento que o competidor tem em mãos.

Alguns informam que o mexicano está na corda bamba, precisando a todo custo entregar resultados, principalmente após o seu desempenho ter caído, apresentando problemas não apenas em corridas, mas nas classificações.

Os torcedores estão prontos para recepcionar o piloto da Red Bull. Ao final do GP dos Estados Unidos alguns fãs derão uma demonstração do apoio que estão dando para Pérez, alguns torcedores chegaram a vaiar Max Verstappen quando o holandês estava no pódio. Nesta pova que acontece nas américas, o público tende a defender o piloto mexicano, principalmente após a última temporada, quando Verstappen não ajudou Pérez a conquistar mais pontos.

Verstappen chega ao México contando com quatro vitórias, enquanto Pérez faturou apenas dois pódios.

Ficar de Olho

Depois da forte exibição da Mercedes nos Estados Unidos, principalmente após a equipe introduzir um novo assoalho, devemos ficar atentos ao que a equipe pode fazer nesta reta final do Campeonato. Não apenas como vai trabalhar para manter o vice no mundial de construtores, mas podendo deixar um rastro de otimismo para o próximo ano – relacionado ao desenvolvimento do novo carro.

Lewis Hamilton acabou desclassificado por uma fatalidade, não existe o que fazer quando a equipe violou o regulamento, no entanto, a forma como guiou na Sprint e a busca pelo pódio na prova principal, foram o destaque dos Estados Unidos.

Além disso, é necessário ficar ligado na McLaren, a equipe faturou mais um pódio no Circuito das Américas. Lando Norris e Oscar Piastri tem melhorado cada vez, essa é outra equipe que não podemos perder de vista.

Neste final do Campeonato, após várias corridas disputadas e cinco Sprints concluídas, os equipamentos e principalmente os motores são um ponto de atenção. Por conta do ar rarefeito, as equipes encontram mais dificuldade para lidar com os carros nos GPs do México e do Brasil – é neste ponto que falhas poem aparecer e abandonos acontecerem por conta de superaquecimento.

Com a temporada se apróximando do final, as equipes de Fórmula 1 ainda precisam cumprir o regulamento, fornecendo o seus carros para que jovens pilotos possam avaliar e conhecer o equipamento – funcionando como uma oferta para apresentar a categoria para outros competidores. Durante dois TL1 no ano, um piloto que fez menos de duas corridas na F1 pode guiar o carro das equipes. Sem a Sprint, os times contam com o GP do México e Abu Dhabi para cumprir o regulamento, desta forma, na primeira atividade da sexta-feira, vamos ver alguns outros rostos guiando os carros dos titulares.

A Pista e características

O México já entrou para a história da Fórmula 1, o circuito receberá neste ano a 21ª edição da prova em um circuito que sofreu algumas modificações conforme os anos foram passando.

O traçado lembra muito Monza no formato, porém, também é comparado ao circuito do Azerbaijão, por conta da velocidade. O Autódromo Hermanos Rodríguez é o um dos circuitos mais curto do calendário, contando com apenas 4.304 km, perdendo apenas para Zandvoort e Mônaco. Formado por 17 curvas, sete delas para à esquerda e 10 à direita.

A altitude em decorrência da localização desta pista afeta o desempenho dos carros, e um impacto semelhante ao esperado para o Brasil. Os times precisam levar isso em consideração para realizar algumas escolhas. A Cidade do México fica a 2.240 metros do nível do mar, assim como São Paulo que está a cerca de 760 metros do nível do mar.

O ar se torna mais rarefeito, afetando diretamente no comportamento dos carros e sua aerodinâmica. Se não bastasse a operação difícil para configurar os carros, também existe o problema relacionamento ao sistema dos freios, com menos ar circulando é necessário apreender a lidar e controlar o superaquecimento. Os times também vão lidar com problemas de desempenho da unidade de potência, por isso algumas trocas ou foram planejadas para os Estados Unidos ou podem ser executadas agora se a situação da unidade de potência não estiver tão adequada.

LEIA MAIS: SÉRIE CIRCUITOS DA F1: Hermanos Rodríguez

Existe uma outra questão interessante durante este evento, por conta deste ar mais rarefeito, o vácuo para a utilização das ultrapassagens não é tão efetivo neste traçado como é no Circuito das Américas, desta forma, o GP na Cidade do México se torna uma corrida mais estratégica, onde é importante fazer uma boa classificação e combiná-la à uma boa estratégia.

Os motores sofrem mais, o turbocompressor tenta compensar parte da perda de potência, mas não toda e tem que trabalhar muito mais do que nos cenários que compõe o calendário da Fórmula 1.

Ao compreender em quais setores os times podem extrair mais dos seus carros e como eles funcionam, fica um pouco mais fácil para configurar os seus equipamentos e valorizar o seu projeto. O primeiro setor é rápido, justamente por conta da longa reta, o restante da pista que o tem o formato de Monza, é mais sinuoso. De acordo com o ajuste aerodinâmico escolhido, o carro trabalha melhor ou acaba saindo muito nas curvas. As equipes podem trabalhar com asas maiores para a dianteira e parte traseira do carro, buscando mais pressão, mas quando adotam esse tipo de configuração, acabam ganhando nas retas, mas perdendo nas curvas, gerando a falta de aderência – fazendo os carros deslizarem mais nas curvas.

O traçado conta com três pontos para a ativação do DRS, uma delas está localizada na reta principal, na classificação se faz importante por conta da abertura da volta.

PNEUS

Nesta rodada tripla, o México é o único que não receberá o evento Sprint, desta forma os competidores vão receber mais uma vez 13 jogos de pneus.

Diferente do ano passado, quando a Pirelli ofereceu os pneus da gama intermediária para o GP do México, a categoria vai trabalhar com os compostos mais macios da gama, formado pelos pneus C3 (faixa branca – duro), C4 (faixa amarela – médio) e C5 (faixa vermelha – macio).

Pneus escolhidos para a disputa do GP do México – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

A movimentação é bem interessante, pois em 2018 a Pirelli avaliou a gama mais macia de pneus no Autódromo Hermanos Rodríguez, mas por conta do asfalto abrasivo, as equipes tiveram muita dificuldade para trabalhar com o gerenciamento dos compostos. No ano seguinte ao deste evento, a Pirelli optou pelos compostos intermediários, repetindo a fórmula em 2021 e 2022.

Na prova de 2022, a Pirelli deu a sugestão para as equipes disputarem a prova com a realização de duas paradas, trabalhando com os pneus macios e médios, em uma combinação de dois stints com os pneus de faixa amarela. Porém, a estratégia popular foi a realização de apenas uma parada, no entanto, todos os pneus foram trabalhados pelos competidores.

Max Verstappen que já era campeão em 2022 quando disputou o GP do México, venceu a corrida na casa de Sergio Pérez, enquanto o piloto da casa terminou a prova na terceira posição, atrás de Lewis Hamilton.

Com a Pirelli trabalhando com a gama mais macia e a corrida do México sendo uma prova bem estratégica, podemos esperar um pouco mais de ação nos boxes. Lembrando que os pneus de 2023 são os de 18 polegadas, diferente dos compostos de 13 polegadas usados em 2018.

Durante o GP do México a Pirelli vai testar uma nova versão do pneu C4 durante os treinos livres, após a verificação das equipes, o pneu pode ser usado em 2024. A avaliação será realizada da mesma forma que aconteceu na sexta-feira em Suzuka, quando a Pirelli avaliava o pneu C2. Cada um dos pilotos receberá 2 conjuntos extras de pneus protótipos para completar algumas voltas e fornecer o seu feedback para a Pirelli. O tempo da atividade não será alterado.

O GP do México no Calendário

O primeiro Grande Prêmio do México não foi disputado pelo campeonato de Fórmula 1, mas foi realizado em 7 de novembro de 1962, utilizando as mesmas regras da competição, o que acabou atraindo participantes e equipes da categoria para a disputa. A morte do mexicano prodígio Ricardo Rodríguez aconteceu neste evento e tempos depois o autódromo prestaria uma homenagem a ele e ao irmão Pedro que faleceu em 1971, sendo um dos grandes incentivadores de corrida no país. Por isso o autódromo mais tarde foi intitulado como Autódromo Hermanos Rodriguez. Antes de receber o nome pelo qual conhecemos o autódromo hoje, era chamado de Magdalena Mixhuca.

Era amado por ser considerado um desafio que não podia ser comparado a nenhum outro já experimentado: estava localizado a 2.240 metros acima do nível do mar. Sem falar que era um dos circuitos mais velozes. As provas só passaram a ser disputadas oficialmente pela Fórmula 1 em 1963, com a categoria permanecendo no país até 1970. Entre 1971 e 1985, não ocorreram corridas pelo campeonato de F1 no autódromo, mas as tentativas para que ele retornasse ao calendário, sempre foram inúmeras.

Em 1980 e no ano seguinte, a IndyCar fez uma breve visita para a realização do Grande Prêmio de Tecate. Depois da tentativa de abranger outras competições, o autódromo que fora rebatizado, necessitou de algumas reformas para que pudesse ser palco de novas provas, principalmente por conta das questões de segurança. O layout foi ligeiramente encurtado e algumas melhorias em relação à segurança foram realizadas. As atividades retornaram em 1986, para o calendário da Fórmula 1, contando com uma vitória de Gerhard Berger em sua Benetton B186. Em 1988 foi movida de outubro, para ficar mais próxima dos Grandes Prêmios dos Estados Unidos e do Canadá.

Retorno ao Calendário

O autódromo não ficou sem atividade, mas as corridas que realizadas lá não faziam parte da Fórmula 1. O retorno se deu apenas em 2015, embora as negociações ocorressem desde 2011. No final de 2013 existia um burburinho sobre a sua entrada no calendário do ano seguinte, mas quando foi divulgado, o GP do México não estava entre as etapas.

A Fórmula 1 avisou que a falta de tempo para a reorganização das datas das corridas não permitiu o encaixe da prova, mas que ela já estava confirmada para 2015, com contrato de 5 anos firmado por Bernie Ecclestone.

A categoria não pode correr em 2020 por conta do Covid-19, o espaço foi até mesmo usado para montar um hospital provisório para atender as vítimas da pandemia. No pior momento, a F1 não pode correr nas américas, deixando o seu retorno programado para 2021.

Programação / Horários do GP do México – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

 

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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