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McLaren se destacada no Catar, mesmo com todas as adversidades para a realização da prova

O desempenho da McLaren merece o destaque neste fim de semana, a equipe dominou a etapa, com vitória de Piastri no sábado e mais um pódio duplo no domingo

Nesta segunda edição do GP do Catar, mais uma vez tivemos problemas relacionados aos pneus. As estratégias da corrida não aconteceram de forma livre, pois os competidores ficaram amarrados na regra que foi implementada para o fim de semana – gerando o mínimo de três paradas, praticamente de forma engessada.

A primeira edição do GP do Catar provocou alguns estouros de pneus, a Pirelli precisou realizar um estudo sobre os compostos e identificou que a estrutura dos compostos tinha ficado comprometida, pois os competidores atacavam muito as zebras.

Para a prova de 2023, a pista passou por uma série de mudanças, o traçado foi recapeado, as zebras passaram por uma leve modificação, mas o Catar utiliza na extensão do circuito um tipo de zebra piramidal e com os competidores atacando-as sempre, novamente identificaram um problema com a estrutura dos pneus.

Na sexta-feira mesmo, a Pirelli analisou os pneus e os compostos que passavam de 20 voltas estavam separando a banda de rodagem da estrutura. Com apenas um único treino livre para análise, pois a segunda sessão de sexta já definia o grid de largada da corrida do domingo, a Pirelli não teve mais tempo para avaliar a situação dos compostos.

No sábado durante a tarde no Qatar, algumas medidas foram informadas pela FIA. Realização uma alteração nas zebras entre as curvas 12 e 14, deixando o circuito mais estreito, mas tentando evitar que os competidores atacassem tanto aquelas zebras, que eram as causadoras dos maiores problemas. Os competidores tiveram apenas 10 minutos de reconhecimento de pista para analisar os novos limites de pista e na sequência a Sprint Shootout ocorreu.

Após a conclusão da classificação da Sprint, os competidores retornaram mais uma vez ao traçado horas depois para disputar a Sprint. Nesta prova a Pirelli esperava analisar os pneus em cerca de 19 voltas em disputa para definir o que seria melhor para o domingo, tendo em vista que as zebras não poderiam ser mudadas e a Pirelli não teria como fornecer mais jogos de pneus novos aos competidores.

Pneus que estavam disponíveis para as equipes durante o GP do Catar – seguindo a regra que foi aplicada para o domingo – Foto: Pirelli

A Sprint como vimos, foi uma prova marcada pela entrada do Safety Car e diversos incidentes. A Pirelli não teve muitas voltas em ritmo de corrida com os competidores atacando as zebras e batalhando por posições. Desta forma, para o domingo ficou determinado que cada composto novo deveria completar apenas 18 voltas, enquanto um composto usado, teria um tempo de vida útil menos, pois o cálculo das 18 voltas seria realizado levando em consideração quantas voltas aquele jogo tinha.

As consequências desta prova

  • Por mais que o pneu tivesse um tempo de vida útil maior, levando em consideração o desgaste da banda de rodagem, permitir que os competidores permanecessem por mais algumas voltas com os compostos, poderia provocar estouros. Todas as equipes tiveram como alinhar os seus carros, usando a regra estipulada para o fim de semana.

  • A prova no Qatar é uma corrida estratégica, a pista é bem veloz, mas estreita, mesmo com algumas ultrapassagens, elas são difíceis de se trabalhar nesse traçado. Com a ‘regra’ de no mínimo três paradas, mesmo que algumas ultrapassagens fossem artificiais, a corrida foi bem movimentada, pois sempre tinha algum piloto passando pelos boxes.

Paradas realizadas por cada um dos competidores – Foto: reprodução Pirelli
  • Todos os pneus foram usados na corrida, pois por mais que as equipes tenham preservados pneus médios e duros para realizar a prova, os compostos macios surgiram no início da corrida, para pilotos que estavam tentando realizar uma largada melhor e faturar algumas posições.

Lewis Hamilton foi um dos pilotos que começou a corrida com os pneus macios e estava mais rápido que o companheiro de equipe nos primeiros metros, no entanto, ele e George Russell se tocaram, Hamilton abandonou a corrida e não pode completar o GP do Catar.

Em pouco interferia a utilização dos pneus macios no começo da corrida, por mais que eles não fossem ideias – por conta da sua durabilidade vs nível de abrasividade do asfalto – a obrigatoriedade de parar até a 18ª volta daquele composto, estimulou o pneu macios surgir na corrida.

  • A FIA basicamente ganhou um teste do que seria realizar uma corrida com paradas obrigatórias, ditada para os compostos. A corrida ficou um tanto dinâmica e não duvido que em algum momento esse formato seja usado pela categoria, mas com algumas alterações.

Esse é um momento que a categoria está discutindo formas de reduzir a quantidade de compostos disponíveis no fim de semana. Talvez, definir quantas voltas precisam ser completadas em cada um dos compostos – levando em consideração a sua durabilidade individual – a Pirelli possa entregar menos jogos de pneus para as equipes. Esse seria um método para impedir que o composto seja descartado antes do tempo, assim as equipes não descartariam a utilização de pneus que completaram poucas voltas.

  • A pista do Catar precisa passar por uma verificação extensa para o próximo ano, assim as equipes poderiam trabalhar as suas estratégias, sem ser pautada por uma condição que só aconteceu, pois não descartaram aquele tipo de zebra no circuito.

  • Grande parte do grid começou a corrida largando com os pneus médios, apenas quatro pilotos incluíram os pneus macios na estratégia para a largada, enquanto Russell encerrou a corrida com os pneus macios, no duelo particular com a McLaren. A corrida foi baseada em três paradas, embora Russell tenha realizado 4, por conta do incidente com Hamilton.

Utilização dos pneus do GP do Catar – Foto: reprodução Catar
  • Os velhos limites de pista foram discutidos mais uma vez, várias voltas e punições foram aplicadas aos competidores. Enquanto a regra for desta maneira, não tem muito o que fazer.

McLaren como destaque no fim de semana que Verstappen conquista o terceiro título

A dupla da McLaren foi destaque desde o primeiro treino livre. Acreditava-se que a dupla teria um bom resultado no Catar, levando em consideração o que apresentaram nas últimas provas após atualizar o carro.

Oscar Piastri venceu a prova Sprint, após conquistar a pole no sábado. O piloto australiano perdeu a ponta momentaneamente para George Russell, mas foi buscar a liderança. Foi uma corrida grande de Piastri na Sprint e o suficiente para superar Lando Norris.

Max Verstappen faturou a segunda posição nesta corrida e foi declarado campeão da temporada 2023, mais um título para o holandês e para a Red Bull. Verstappen foi instruído a não caçar Piastri para faturar a vitória e conservar o seu equipamento na Sprint. O holandês ainda tentou alguma aproximação, mas se contentou com o segundo lugar. Lando Norris fez as ultrapassagens que eram necessárias, superou Russell e ficou com a terceira posição.

Na corrida principal, Verstappen começou a prova da pole. Russell e Hamilton bateram com poucos metros após a largada, quanto tentavam completar a primeira curva do circuito lado-a-lado com o piloto da Red Bull. Esse incidente colaborou para Piastri saltar para o segundo lugar.

Em um trabalho que acontecia tanto na pista, como nos boxes, Lando Norris derrotou alguns adversários e saltou para o terceiro lugar. Vale lembrar que o piloto britânico começou a corrida ocupando a décima posição, após ter as suas duas voltas rápidas do Q3 deletadas, portanto, foi uma boa escalada de Norris desde a largada até chegar a terceira posição.

Russell depois de lidar com o incidente com Hamilton, realizou uma corrida de recuperação para faturar o quarto lugar. Com pneus macios no final o piloto tentou derrotar a McLaren, mas não foi possível se aproximar da dupla de pilotos.

Em um fim de semana tão redondo da McLaren, a equipe ainda conseguiu quebrar o recorde da Red Bull e fazer o pit-stop mais rápido na casa de 1.8 segundos com Lando Norris.

Outras observações

As altas temperaturas foram ruins para os competidores, afetando os pilotos bem mais que os carros – já que não tivemos nenhum abandono relacionado por superaquecimento do motor.

O maior erro foi ter realizado o formato Sprint em um circuito que as equipes tinham poucos dados, por mais que eles tenham corrido em 2021 por lá, os carros e os pneus eram outros. Se não tivesse ocorrido o formato Sprint, tanto a Pirelli como as equipes poderiam avaliar de uma melhor forma a situação dos pneus.

O Catar fechou dez anos de contrato com a Fórmula 1, mas fica claro que ainda é necessário fazer algumas mudanças para ter essa corrida no calendário. Mudanças que vão além da estética.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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