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Ronnie Peterson e a síndrome do quase

14 de Fevereiro: Ronnie Peterson e a síndrome do quase – Dia 269 dos 365 dias mais importantes da história do automobilismo.

Ronnie Peterson nasceu em Orebro na Suécia em 14 de fevereiro de 1944. Veloz, dono de um inconfundível estilo de entrar com seu carro de lado nas curvas como um drift, Peterson foi daqueles pilotos queridos por todos. Iniciou-se no esporte a motor com um kart construído por seu pai. No kart começou a desenvolver o estilo de entrar com o carro de lado nas curvas. Rapidamente passou para a F3 onde teve uma rivalidade com o também sueco Reine Wisell.

Para delírio da torcida local, Ronnie Peterson marcou a pole no 1º GP da Suécia e liderou quase toda a corrida. – Foto: reprodução

O passo seguinte foi a F2, categoria que disputou até 1970. Neste ano estreou na F1 em Mônaco pilotando para a March. Nas sinuosas ruas do principado Peterson mostrou suas credenciais obtendo a melhor colocação de um March naquela prova com a 7° colocação. No restante das provas fez o que era esperado de um novato, e mesmo não pontuando garantiu sua vaga para o ano seguinte. O primeiro podium veio com a 2° colocação no GP de Mônaco de 1971, resultado que repetiria na Inglaterra, Itália e Canada, o quinto podium do ano veio com a 3° colocação em Watkins Glen. Os 33 pontos garantiram ao jovem sueco um surpreendente vice-campeonato em um ano dominado por Jackie Stewart e pela Tyrrell. Foi a melhor classificação final em um campeonato para um piloto da March, e para provar que 1971 foi um excelente ano para Ronnie Peterson na F2 o pilotou conquistou 5 vitorias e o título europeu da categoria.

Os ótimos resultados criaram muita expectativa para 1972, mas a March não conseguiu manter o ritmo, conquistou apenas 1 podium fechando o campeonato com 12 pontos em um modesto 9° lugar. Mas o nome de Peterson já estava no radar dos grandes times e a poderosa Lotus lhe ofereceu contrato para ser segundo piloto de Emerson Fittipaldi em 1973. O começo na Lotus foi pífio, nas 5 primeiras etapas Fittipaldi liderava o campeonato com 35 pontos, 3 vitorias e dois terceiros lugares, Peterson não havia marcado um ponto sequer. A sorte do sueco começou a mudar em Mônaco, finalmente viu a bandeira quadriculada conquistando um 3° lugar. Na etapa seguinte em seu país encheu o circuito de Anderstorp de esperança ao marcar a pole no sábado, na corrida liderou até faltarem 2 míseras voltas para o final Denny Hulme da McLaren estragou a festa sueca roubando a vitória de Peterson. O melhor ainda estava por vir, na etapa seguinte em Paul Ricard finalmente conquistou sua primeira vitória chegando mais de 40 segundos à frente da Tyrrell de François Cevert.

Driving com a famosa Tyrrell de seis rodas Brands Hatch Fonte Red Bull

Mais 3 vitorias conquistadas na Áustria, Itália e Estados Unidos fizeram Ronnie Peterson terminar o ano em 3° lugar no campeonato com 52 pontos, apenas 3 a menos que Emerson Fittipaldi. E provando ser talvez o piloto mais veloz do grid, conquistou 9 poles naquele ano. Sua performance acabou incomodando Fittipaldi que trocou a Lotus pela McLaren em 1974. Peterson passaria a ser o primeiro piloto da poderosa Lotus e um dos favoritos ao título daquele ano. Mas o modelo 72E já não tinha fôlego para acompanhar McLaren e Ferrari, mesmo assim conquistou 3 vitorias: Mônaco, França e Itália encerrando em 5° o campeonato com 35 pontos. Para 1975 o novo modelo da Lotus decepcionou, o sueco conquistou minguados 6 pontos. Irritado com a falta de competitividade da Lotus trocou-a pela March após largar apenas em 18° no GP Brasil e abandonar o GP Brasil de 1976. Essa decisão foi crucial para a carreira do sueco e teria impactos fortíssimos dois anos mais tarde.

Gunnar Nilsson, já careca devido ao tratamento de um câncer, visitou o compatriota Ronnie Peterson antes da corrida de 1978. Os dois pilotos faleceram naquele mesmo ano. – Foto: reprodução

Na March venceu em Monza, fora isso apenas um 6° lugar na Áustria. Mudou-se para a Tyrrell em 1977 no lugar de Jody Scheckter. O revolucionário carro de 6 rodas não conseguiu os resultados esperados e Ronnie subiu apenas uma vez ao podium em Zolder. Os 10 abandonos do ano acabaram por fazer com que o piloto assinasse com a Lotus para 1978. Mas ter abandonado o time 2 anos antes fez com que o posto de piloto número 1 passasse a ser ocupado por Mario Andretti. Colin Chapman impôs a Peterson a condição de segundo piloto para o sueco voltar ao time. Sem opções Ronnie teve que aceitar. Para os que criticam a F1 atual sobre jogos de equipe e diferente tratamento entre primeiro e segundo piloto saibam que tais situações existem e ocorrem desde que o automobilismo surgiu.

Após vários anos finalmente a Lotus acertou a mão no carro, mas a condição de segundo piloto não permitia ao sueco desafiar Andretti. Conquistou vitorias na África do Sul e Áustria, mais 4 dobradinhas sempre com vitorias de Andretti e um terceiro lugar levaram-no ao vice-campeonato com 51 pontos. Descontente com o status de número 2 na Lotus assinou com a McLaren para 1979, mais uma vez errou na escolha da equipe e abandonou as pistas no final daquele ano. Hoje aos 74 anos vive em Estocolmo apoiando jovens talentos do automobilismo sueco.

Ronnie Peterson (de amarelo) celebra pódio na última corrida de F1 disputada na Suécia. O piloto faleceu 3 meses depois, em um acidente em Monza. -Foto: reprodução

Era assim que eu gostaria de terminar este texto, mas o destino não quis que fosse assim. No GP da Itália em Monza curiosamente a pista onde mais venceu (1973, 1974 e 1976) Ronnie Peterson foi vitimado por um estúpido acidente na largada. Tendo batido seu carro no warm-up teve que largar com o modelo antigo da Lotus. Foi o primeiro GP iniciado com luzes de largada o que fez com que o diretor de prova a acionasse antes que o pelotão estivesse formado, como consequência os carros do final do pelotão chegaram a primeira chicane muito mais rápidos que os da frente. James Hunt toca na Arrows de Riccardo Patrese, este toca na Lotus de Peterson que desgovernada choca-se violentamente com o guard rail destruindo a frente do bólido e incendiando-se o choque causou terríveis fraturas nos pés e pernas do piloto foi removido consciente do autódromo. Cirurgias de emergência tiveram que amputar-lhe o pé esquerdo e alguns dedos do pé direito. Mas a causa de sua morte foi embolia pulmonar causada pela entrada de tecido gorduroso na corrente sanguínea em decorrência das várias fraturas sofridas no impacto. A F1 perdia um de seus maiores pilotos.

Em 123 GPs disputados conquistou 10 vitorias e 14 poles, sem dúvidas números dignos de um campeão.

Hulme exalta Ronnie Peterson no pódio, que venceria a corrida se não fosse por um furo no pneu. – Foto: reprodução
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Cristiano Seixas

Wikipédia da Fórmula 1, um dos maiores intelectuais do automobilismo, Cristiano Seixas é um dos mais antigos apoiadores dos produtores de conteúdo e deixa aqui no BP uma pequena porção do seu conhecimento para as futuras gerações!

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