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Retrospectiva – Temporada 2021 da McLaren

Como ficaram Lando Norris e Daniel Ricciardo ao final da temporada 2021 – Foto: reprodução F1

Algumas disputas ocorreram pelo grid, como a batalha entre McLaren e Ferrari, as duas equipes contavam com equipamentos melhores do que aquelas equipes que batalharam pela 5ª posição do Campeonato, mas não tinham um carro adequado para disputar com a Mercedes ou Red Bull.

Fecharam o ano conquistando 275 pontos, contra os 202 obtidos em 2020, ainda que o time tenha caído uma posição no campeonato. O saldo é positivo! 

Portanto tivemos uma disputa particular pelo 3º lugar do campeonato onde McLaren e Ferrari se isolaram. Até o GP da Grã-Bretanha, a McLaren seguia firme na terceira posição, com uma distância ‘confortável’ que eles estabeleceram para o time italiano, mas como o GP da Hungria foi um ponto de reviravoltas no campeonato, a Ferrari fechou a primeira metade da temporada superando os rivais. Os times partiram para a Bélgica com 163 pontos cada, mas como critério de desempate, como a Ferrari tinha mais pódios, assumiu o terceiro lugar.

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Com os problemas enfrentados por Alpine e Aston Martin, essas equipes não significavam uma ameaça para a McLaren, portanto era praticamente certo que eles encerrariam o ano na 3ª posição do Campeonato. A Ferrari também não demonstrava interesse nesta posição no início da temporada, afinal estavam na pista para fazer um trabalho diferente, focados na preparação do motor e já pensando no carro do próximo ano. A Ferrari também não apresentava uma ameaça, já que muitos times não acreditavam em sua recuperação, mas eles se reergueram. 

A McLaren não tinha que se preocupar com a Alpine ou Aston Martin, equipes que não brigaram pela terceira posição do campeonato, a grande questão era realmente relacionada ao desempenho da Ferrari – Foto: reprodução McLaren

A McLaren foi fazendo o possível para administrar o 3º lugar, reassumiram a posição na Bélgica, mas na Holanda foram superados mais uma vez. Uma nova inversão ocorreu no GP da Itália – a McLaren venceu na casa da Ferrari e como não era o bastante, fizeram uma dobradinha no pódio. A Ferrari só foi reassumir a terceira posição no GP do México, conseguindo superar a McLaren na fase final do campeonato.

Para a temporada 2021, a McLaren foi equipada com os motores da Mercedes, portanto a equipe foi obrigada a utilizar os tokens de desenvolvimento para adaptar a nova unidade de potência em sua carroceria. O desempenho do MCL35M não decaiu, mesmo com a equipe ficando impossibilitada de realizar atualizações em seu carro.

Outro ponto foi o motor Mercedes, a McLaren se saiu muito bem como recebimento da unidade de potência, além disso eles conseguiram fugir dos problemas relacionados ao motor que a Mercedes enfrentou em seus carros. Enquanto no carro de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas o motor de combustão interna se tornou um problema, a McLaren não precisou lidar com isso.

Na Rússia Norris surpreendeu na largada, liderou a prova, mas a chuva que ocorreu nas voltas finais impossibilitou a vitória do piloto britânico – Foto: reprodução McLaren

Na realidade se a McLaren deveria ter alguma preocupação com os pneus. Norris perdeu uma vitória no GP da Rússia por não escutar a equipe, o piloto não foi aos boxes no momento que a chuva começou a cair, o carro ficou incontrolável e ele perdeu um resultado que seria muito importante para ele e para a equipe. No Catar o inglês lidou com um furo no pneu que fez ele despencar no grid, enquanto em Abu Dhabi outro furo comprometeu a sua corrida.

Na disputa interna, as coisas foram um pouco diferentes nesta temporada, enquanto tivemos equilíbrio com Carlos Sainz e Lando Norris, com a dupla formada por Norris e Daniel Ricciardo, as coisas foram bem diferentes. O britânico cresceu muito, foi o responsável por 4 dos 6 pódios conquistados pela McLaren no ano.

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Norris surpreendeu com o amadurecimento apresentado neste ano, principalmente ao se dar conta que Daniel Ricciardo era o piloto mais badalado dentro do time. Lando foi ao pódio três vezes antes da metade da temporada (Emilia-Romagna, Mônaco e Áustria), depois o piloto repetiu o feito no GP da Itália conseguindo um 2º lugar.

Daniel Ricciardo vence no GP da Itália, acompanhado por Lando Norris – Foto: reprodução McLaren

Com a dificuldade do australiano para se adaptar ao carro, foi Norris que salvou o time na conquista por pontos em vários momentos do campeonato. Mas a McLaren não se livrou de uma queda de desempenho, o time também enfrentou um final de temporada bem complicado. A perda da vitória na Rússia e a escolha da McLaren por não inverter as posições de Norris e Ricciardo no GP da Itália, foram pontos que acenderam um alerta quando foram somados com a queda de desempenho de Norris.

Entretanto, na ocasião do GP da Itália, Norris não poderia ficar com aquela vitória, o resultado de Ricciardo também era importante. Por mais que o amadurecimento do britânico seja nítido, ele ainda está aprendendo a lidar com as situações na pista, na Rússia faltou orientação do time, mas também um pouco de conhecimento do piloto para que a substituição dos pneus fosse realizada. Muitos pilotos passam por essas frustrações na carreira, mas servem como fonte de aprendizado para decisões futuras na pista.

O foco da McLaren segue em seu futuro, desta forma fechar o ano sem o 3º lugar nos Construtores não é exatamente uma derrota. Além disso, na fase final da temporada, a atualização do motor da Ferrari também contribuiu muito para que o desempenho do time italiano fosse superior. A equipe está apostando no próximo ano, olhando para o desenvolvimento do próximo carro, onde com este projeto talvez seja possível acomodar Ricciardo de forma melhor na equipe, aproveitando o talento do australiano.

Para muitos Daniel Ricciardo entra na lista de decepções da temporada 2021, obviamente a chegada do australiano gerou muitas expectativas. Olhando para o que Carlos Sainz fez na McLaren, mas também nesta fase com a Ferrari, depositaram um desejo que Ricciardo também passasse tranquilamente pela fase de adaptação com a McLaren.

Outro detalhe sobre Ricciardo, é que geralmente ele leva uma temporada para se adaptar ao carro. O australiano gerou muita expectativa com a Renault, extraindo performances do equipamento que sempre gerou um ponto de atenção pela dificuldade.

Conforme as corridas foram passando o australiano precisou pedir mais tempo para se adaptar ao carro, precisou investigar com a equipe o que estava acontecendo, tentando mudar a sua forma de condução. O MCL35M não foi construído para Ricciardo, por isso a vantagem de Norris é compreensível, o piloto estava na equipe quando o modelo de 2020 foi construído. O carro de 2021 estava carregado do estilo de pilotagem de Sainz, outro ponto desfavorável para Ricciardo.

Os torcedores da McLaren ficaram sedentos por resultados melhores do australiano ao longo da temporada 2021 – Foto: reprodução McLaren

Ficou claro que o australiano não conseguia encontrar o ponto ideal da freada do carro. Descontente com esse comportamento e a falta de confiança para ir além, Ricciardo fez uma série de classificações ruins, ficando preso no Q2. Ao longo da corrida a McLaren precisava lidar com essa dificuldade para traçar estratégias que ajudassem a colocar o australiano no top-10. Ele conquistou pontos, mas muitas vezes abaixo do esperado e neste duelo particular com a dupla da Ferrari, ficou ainda mais evidente que o fato de Ricciardo não se encontrar com o carro, prejudicou o desempenho da equipe como um todo.

Uma parcela do que a McLaren viveu, é parecida com o que aconteceu com a AlphaTauri, onde Pierre Gasly conseguiu mais pontos que Yuki Tsunoda.

A dupla da McLaren para o próximo ano é uma forte concorrente no grid, Lando Norris deve recuperar aquele desempenho que apresentou no início da temporada 2021 se o carro for bem-nascido. Agora pegando um projeto do zero, a personalidade de Ricciardo também deve ser vista no próximo modelo, pois o time depende do bom desempenho dos dois pilotos para ter um bom resultado ao final da temporada. Acredita-se que a dupla deve ter mais equilíbrio no próximo ano se a McLaren entregar um carro que funcione para os seus dois pilotos.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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