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OPINIÃO – Correram risco na 2ª prova da Fórmula E em Diriyah sem necessidade

Automobilismo é um esporte de risco, são máquinas correndo em alta velocidade, em alguns momentos desbravando circuitos estreitos que são perigosos pela sua natureza. Sabendo disso, existem alguns riscos que são desnecessários se submeter, já tivemos várias corridas trágicas, mas com o aumento da segurança e da consciência dos envolvidos eles foram reduzidos.

Durante o 2º ePrix em Diriyah vimos a fatídica cena do trator na pista e um trânsito se formando após a batida de Alexander Sims. O piloto da Mahindra bateu na curva seis após perder a traseira do seu carro (algo que foi muito comum durante esse final de semana), a corrida não foi paralisada, pois a direção de prova optou por uma dupla bandeira amarela no local e depois o acionamento do Safety Car.

O carro estava localizado em uma curva cega do circuito, a direção ainda colocou um trator na pista, mas mesmo com a velocidade reduzida acidentes poderiam acontecer. Jean-Eric Vergne relatou que os carros começaram a se bater quando chegaram naquele trecho pois os pilotos não foram informados sobre a forma como a remoção do carro aconteceria.

Depois do encerramento da corrida, o bicampeão da Fórmula E disse: “Ainda chocado ao ver como o final da corrida foi tratado. Um trator em pista, um Safety Car parado logo atrás e em uma curva cega, resultando em vários carros se empilhando. Nenhuma informação para nós, parece que as pessoas não aprendem com os erros do passado.”

 

Por erros do passado dá para deduzir que Vergne falava do acidente de Jules Bianchi em 2014, o piloto colidiu com um trator que estava na pista, quando fazia a remoção do carro de Adrian Sutil durante o GP do Japão. Vergne naquela época estava em pista, o piloto corria pela Toro Rosso. Aquele acidente foi uma sucessão de erros.

A indignação de Vergne é plausível, principalmente para muitos que ainda tem a imagem do acidente de Bianchi vivas. Em Diriyah a situação não envolvia chuva, mas era um ponto cego da pista, onde o mais correto era ter paralisado a prova em regime de bandeira vermelha, removido o carro e liberado as últimas voltas.

A retirada do carro de Alexander Sims levou muito tempo para ser finalizada e ainda vimos pela transmissão o carro que estava sendo içado, quase bater nos competidores que estavam tentando se livrar do trator.

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A falta de comunicação foi ressaltada por Vergne, os pilotos ficaram completamente vendidos as decisões do diretor de provas. Diante de uma circunstância assim é inaceitável a falta de comunicação com os outros pilotos que estavam ainda em pista. 

“O diretor de provas teve a oportunidade de falar no rádio e dizer que o Safety car estava esperando, você vai parar na curva 3, mas todos bateram em todos. Sem comunicação. Ok, estamos sob carro de segurança, mas há pessoas que colidiram umas com as outras porque ninguém disse que havia um trator na pista e que iríamos parar.”

 

E desta vez nada mais grave ocorreu, o diretor de corrida estava preocupado com o retorno da corrida e se a remoção de Sims aconteceria rapidamente, mas foi algo que eles não tiveram sucesso.

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Sem aviso, os pilotos achavam que o Safety Car levaria mais tempo para entrar na pista, portanto seguiam limpando os pneus, fazendo aquele movimento de zigue-zague.

Questões do passado nos ajudam a evitar os problemas. A Fórmula E infelizmente já é uma categoria bem massacrada por conta de alguns episódios que aconteceram, com o abandono de vários pilotos por falta de energia e acidentes, não precisa de outra mancha para afastar ainda mais o público.  

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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