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Metade da Temporada – A disputa para definir a liderança do campeonato

Com a queda da Ferrari na última temporada, a Red Bull viu a oportunidade de desafiar a Mercedes, mas eles ainda precisavam aperfeiçoar a unidade de potência que equipava os seus carros, para ter a oportunidade de andar mais próximo da Mercedes.

A temporada está realmente alucinante, não somente pelos focos com várias disputas travadas no Campeonato de Construtores, mas também pela disputa dos líderes e daquele que se tornará campeão ao final do ano.

A Mercedes poderia ter uma temporada fácil, dado o trabalho superior realizado em 2020, mas algumas questões fizeram o time alemão se aproximar da Red Bull. Neste momento, a sensação que tenho é que não importa o que os austríacos fizeram até aqui, ainda não foi suficiente para se estabelecerem de forma concreta. Mas vamos a análise destes dois times.

Mercedes

Lewis Hamilton fecha metade da temporada na liderança do campeonato – Foto: reprodução Daimler/Mercedes

303 pontos
Lewis Hamilton 195 x 108 Valtteri Bottas
Classificação
Lewis Hamilton 9 x 2 Valtteri Bottas
Corrida
Lewis Hamilton 9 x 2 Valtteri Bottas

Um ponto importante para a Mercedes nesta temporada, foi tentar superar o desafio importo pelas mudanças que foram provocadas no regulamento para a temporada 2021. Por conta dos pneus da Pirelli, os carros precisaram reduzir o downforce, desta forma a Mercedes usou os seus tokens de desenvolvimento para recuperar um pouco da performance perdida com a implementação das regras desta temporada.

A filosofia da construção do carro ficou ainda mais evidente, principalmente quando a equipe precisou lidar com um dilema – com o rake mais baixo, a Mercedes teve mais dificuldade para lidar com as mudanças do regulamento. Perderam um pouco de performance, precisaram descobrir outros acertos e também tiveram que quebrar a cabeça com as atualizações, tudo para tornar o carro melhor.

Comparação dos rakes usados por Mercedes e Red Bull em 2021 – Foto: reprodução

As dificuldades começaram na pré-temporada e ficaram evidentes nas primeiras provas do ano. Lewis Hamilton foi fundamental para o time, principalmente tentando de todas as formas se adaptar as questões do carro e entregar mais uma vez todo o bom desempenho que como time tinham desempenhado até 2020.

Assim como a Aston Martin (que tem a mesma filosofia de carro), a Mercedes conseguiu se encaixar na temporada, mas viveu alguns desafios onde perdeu a liderança do campeonato em Mônaco, assim como Lewis Hamilton que foi ultrapassado por Max Verstappen na mesma prova.

Também ficou mais evidente que com a aproximação da Red Bull e as questões com o W12, ficou mais exposta fragilidade de Valtteri Bottas que demorou para se encaixar a nova realidade enfrentada pelo time. O finlandês apresentou algumas classificações ruins e ao perder um pouco de espaço no grid, não conseguia se recuperar. Ficou faltando aquele piloto que auxiliava o time principalmente em momentos que Hamilton não poderia entregar tudo.

Já na segunda etapa do ano, Bottas acabou batendo com George Russell, o incidente danificou o carro, algo que fez a Mercedes repensar no seu orçamento para a temporada. Depois abandonou a prova em Mônaco por conta daquela porca presa, não pontuou no Azerbaijão e abandonou a corrida na Hungria depois de provocar uma batida com Lando Norris que mudou o campeonato para muitas equipes.

LEIA MAIS: Como cada equipe usou os tokens de desenvolvimento da temporada 2021?

Ser superado por Max Verstappen era uma consequência, mas ‘perder’ para Lando Norris, não era algo que a Mercedes precisaria lidar neste ano. Ficou mais claro que Bottas é o segundo piloto da equipe, já tinha algumas falhas no passado, mas com estes problemas no W12 se mostrou ainda mais limitado.

Por outro lado, Lewis Hamilton tentou outras formas para retomar a liderança do campeonato e a ajudar a Mercedes. O piloto fez coisas das quais não gostava, como participar de um teste da Pirelli e também usar o simulador com mais frequência para ajudar nos ajustes do carro.

A disputa com a Red Bull, mas principalmente aquela travada entre Lewis Hamilton e Max Verstappen, mostrou uma versão ainda mais aguerrida do inglês. Naquela corrida de casa, Hamilton não deixou barato, Max e ele bateram, mas o piloto conseguiu tirar pontos importantes da Red Bull, superando aquele erro no GP da Azerbaijão – onde ele passou reto depois da relargada.

Hamilton conta com 4 vitórias na temporada, mas quando comparado com Max que conta com 5 vitórias, a vantagem do piloto inglês é que ele só não pontuou na etapa do Azerbaijão, enquanto Verstappen conta com a abandono do Azerbaijão, mas também o do GP da Inglaterra. A diferença entre os líderes é mínima, apenas 8 pontos separam os dois, mas Hamilton tem uma cabeça muito mais centrada que Max e ainda pode levar o campeonato desta temporada.

LEIA MAIS: Metade da Temporada – O duelo do Fim do Grid

A Mercedes está já focada na próxima temporada, mas o carro ainda receberá algumas atualizações, algo que pode ajudar o time na conquista de mais pontos, mas também na manutenção da primeira posição dos Construtores.

Além disso, Bottas também precisa contribuir mais com o time nesta segunda parte da temporada, para que eles também consigam assegurar o Campeonato de Construtores. E como dupla, eles precisam ter uma reação melhor na largada, um ponto que anda marcando as conquistas dos rivais.

O que é interessante, é mesmo com todos os esforços da Red Bull, a Mercedes consegue descontar mais pontos mais rápido, realizando os feitos com mais precisão.

Red Bull

 

291 pontos
Max Verstappen 187 x 104 Sergio Pérez
Classificação
Max Verstappen 10 x 1 Sergio Pérez
Corrida
Max Verstappen 9 x 2 Sergio Pérez

Para ter a potência e o desempenho desta temporada, a Honda precisou trabalhar de forma mais dura nas modificações do motor. Como os japoneses vão deixar a categoria ao final da temporada 2021 e a Red Bull vai assumir o projeto, a Honda está tentando deixar o time com o melhor motor possível. Desta forma a unidade de potência atual, acabou contribuindo para a aproximação dos dois times.

O rake mais alto, também proporcionou a Red Bull a lidar melhor com as adaptações que surgiram por conta do regulamento. A parte traseira do RB16B foi aperfeiçoada, onde encontravam muita instabilidade.

A Red Bull já sabia que poderia contar com Max Verstappen para o campeonato de 2021, mas substituíram Alexander Albon por Sergio Pérez, buscando uma chance melhor neste ano. De certa forma o mexicano foi uma escolha acertada, ainda que ele tenha um pouco mais de dificuldade nas classificações, Pérez consegue contribuir com o time nas corridas, onde a Red Bull acabam ganhando algumas posições com ele, podendo posicionar o piloto de uma forma melhor em pista.

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Pérez não é o piloto que ainda está colado em Max, mas já conseguiu surpreender na entrega. No entanto, ficou três provas abaixo dos dez primeiros e os desempenhos que realmente fizeram uma grande diferença, foram no GP da Inglaterra onde Max abandonou e no GP da Hungria, quando abandonou a prova depois da largada por conta das batidas que ocorreram naquele início.

Neste ponto do campeonato, o time austríaco não pode mais perder pontos por bobagem. A Red Bull esteve em um dado momento administrando a liderança de Max Verstappen, mas também do campeonato de construtores. Na posição de defesa eles são muito mais efetivos do que em uma posição de ataque, basta olhar para os resultados do início da temporada quando cometeram erros em estratégias que custaram pontos.

Verstappen ainda tem um perfil muito arrojado, não comete tantos erros como no passado e certamente aprendeu muito nesta disputa direta com Hamilton, mas agora precisa colocar a cabeça no lugar e dar continuidade. O GP da Inglaterra foi o ápice da disputa travada com Hamilton até aquele momento do campeonato. Já o GP da Hungria foi uma fatalidade em decorrência de um de Bottas que poderia ser evitável.

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O campeonato não está garantido para nenhum dos lados, ainda temos 12 corridas até o final do ano e tudo pode acontecer. Verstappen pode tentar devolver na mesma moeda o que aconteceu na Inglaterra no GP da Holanda, pois correndo em casa ele certamente vai buscar a vitória com mais afinco.

O carro da Red Bull é forte, assim como a sua dupla, depois dos anos que ganharam quatro campeonatos seguidos, a equipe está vivendo a sua melhor fase, pois tem chances reais e palpáveis para vencer o campeonato, tanto de pilotos quanto de construtores. Mas não pode errar mais, pois agora estão na posição de tirar pontos da Mercedes e aqui a dupla precisa fazer a diferença: Max marcando Hamilton, enquanto Pérez precisa superar Bottas.

As próximas corridas devem ser bem interessantes para os dois, a Red Bull não vai desistir da chance de vencer o campeonato neste ano, mas ainda precisa lidar com o regulamento e com o carro do próximo ano – um desafio que é grande para todos.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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