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Martin Blundell, ou melhor, Mark Brundle

Mark Blundell (favor não confundir com Martin Brundle, pois eu já vivo fazendo isto e você vai entender porquê) nasceu em Barnet, na periferia de Londres, em 08 de abril de 1966. Ao contrário do caminho usual dos que chegam à Fórmula 1 (kart, fórmula 3), ele começou a carreira em duas rodas, participando de campeonatos de motocross aos 14 anos.

Fonte: Wikipedia

A mudança para os veículos que não caem de lado quando ficam parados sem apoio foi aos 17, na fórmula Ford britânica, e já no ano de estreia terminou o campeonato na segunda colocação.

Depois de passar pela fórmula 3000 e por Le Mans (correu as 24h de 1990 pela Nissan, largando na pole e se tornando o piloto mais jovem a conseguir isto), o inglês finalmente chegou à Fórmula 1. Sua primeira corrida foi no início do campeonato de 91, em Phoenix. Blundell assinou contrato com a mítica Brabham, embora já na fase de declínio da equipe, que estava montada com motores Yamaha naquele ano. Largou em 24º lugar no grid, ao lado de Maurício Gugelmin. Seu companheiro de equipe, Martin Brundle (fala sério, não é de dar um nó mesmo?) largou na 12ª posição, tendo feito um tempo mais de 1,5 segundo mais rápido. Blundell acabou rodando e abandonando na volta 32, enquanto Brundle terminou em 11º, 8(!) voltas atrás do campeão Senna.

Blundell acumulava turnos, pois era também piloto de testes da Williams. Durante o ano, sua melhor colocação foi um sexto lugar em Spa, que lhe rendeu o único ponto do campeonato. Mark sofreu muito com abandonos – foram 9 em 16 provas, além de não ter conseguido se classificar no Canadá e no Japão. Ao final da temporada a Brabham não pode mais pagar seu salário (a equipe viria a fechar no ano seguinte) e, sem um cockpit para chamar de seu, a única maneira de permanecer na f1 em 92 foi como piloto de testes da McLaren. O lado bom disso é que sobrava um tempinho para correr em outros campeonatos, e nesse ano Blundell venceu as 24h de Le Mans dirigindo pela Peugeot.

Fonte: Wikimedia Commons

De tanto ficar andando entre os franceses, em 1993 Mark Blundell conseguiu um contrato com a Ligier. Uma curiosidade é que este foi o único ano da história da equipe em que ela não teve um piloto da terra de Platini, já que o carro do lado estava nas mãos de outro inglês, um tal de… Martin Brundle (sério, isso já está virando sacanagem).

Foi um ano melhor para Blundell. Em uma equipe de meio de pelotão (a Ligier terminou o ano em quinto lugar no campeonato de construtores), seu primeiro pódio veio já na corrida de estreia do campeonato, na África do Sul. Mark ficou atrás apenas de Prost e Senna, e à frente de Fittipaldi. Outro terceiro lugar em Hockhenheim e uma quinta colocação no Brasil lhe renderam 10 pontos e o 10º lugar no campeonato (seu companheiro de equipe ficou em sétimo, com 13 pontos).

Como seu contrato com a turma do baguette era só de um ano, em 94 ele atravessou de volta o canal da Mancha e assinou com a Tyrrell, entrando na vaga deixada pela saída do De Cesaris. Seu maior ganho foi finalmente saberem quem era quem entre os pilotos, já que desta vez ele fazia dupla com Ukyo Katayama (Brundle foi para a McLaren). Dentro das pistas, as coisas foram mais Brabham do que Ligier: apenas um pódio – 3º lugar na Espanha, na última vez que Blundell e a Tyrrell chegaram ao champagne – dois quintos lugares e 9 abandonos em 16 corridas, novamente. No final do campeonato, conseguiu pela primeira vez vencer a disputa caseira, terminando na 12ª colocação, com oito pontos.

O pódio derradeiro. Fonte: Pinterest

Como na temporada de 91, ao final do ano Blundell foi mandado embora pois a equipe não podia pagar seu salário. O que acabou sendo uma sorte, uma vez que ele foi contratado pela McLaren, para substituir seu quase homônimo Brundle, que estava voltando para a Ligier (bom, na verdade, quem havia acertado com o time de Woking era Nigel Mansell, mas ele não coube no carro. Sério. Esta é uma história que precisamos contar outra hora). Porém, a Macca não teve um bom ano, chegando apenas em 4º no campeonato, e com isso Blundell ficou remando na meiúca, tendo que se contentar com alguns quartos ou quintos lugares, no máximo. Ao final de seu último ano, Blundell se despediu do circuito da F1 como piloto na Austrália, fechando o campeonato na 10ª colocação com 13 pontos, 4 a menos que seu companheiro de equipe, Mika Häkkinen.

Fora da Fórmula 1, o britânico foi correr na CART norte-americana. Conquistou algumas vitórias e alguns ossos quebrados em acidentes, até que se aposentou ao final da temporada de 2000.

Entre 2002 e 2008 Blundell foi comentarista de F1 da ITV inglesa, onde conquistou muitos fãs pelo seu estilo simples e linguagem popular.

Hoje Mark Blundell gerencia a carreira de jovens pilotos, através de sua empresa 2MB Sports Management. Seu sócio na empresa é… Martin Brundle.

FORA DAS PISTAS

Em 8 de abril nós descobrimos que Kurt Cobain não estava mais entre nós (ele morreu no dia 5, mas seu corpo demorou para ser descoberto), mas ganhamos Izzy Stradlin – já que sempre preferimos celebrar a vida aqui, segue um registro de Jeffrey Dean Isbell (o verdadeiro nome do dono do groove dos Guns) cantando um clássico que faz parte da trilha sonora de Cães de Aluguel.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.

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