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Hélio Castroneves escreve a história com a sua quarta vitória nas 500 Milhas de Indianápolis

Pela quarta vez, Hélio Castroneves escalou as grades do Indianapolis Motor Speedway (Matt Fraver/Indycar)

Um domingo histórico! A 105ª edição das 500 Milhas de Indianápolis coroou pela quarta vez Hélio Castroneves como vencedor da prova. O brasileiro iguala as lendas AJ Foyt, Al Unser e Rick Mears como os maiores vitoriosos da história da corrida mais tradicional do automobilismo nos Estados Unidos, quiçá, do Mundo.

A vitória foi construída com uma atuação sólida do piloto da Meyer Shank Racing, que andou o tempo todo nas primeiras posições e manteve um ritmo competitivo. Nas voltas finais, Castroneves teve um duelo com o espanhol Alex Palou, da Chip Ganassi, em que trocaram posições, até conseguir a ultrapassagem decisiva faltando dois giros para o fim.

A corrida foi disputada desde a largada, mas com os pilotos mantendo um ritmo mais comedido no começo. O pole Scott Dixon foi superado ainda no começo da prova por Colton Herta e Rinus Veekay. O neerlandês liderou o pelotão até o primeiro ciclo de paradas nos boxes, na altura da volta 30.

Enquanto alguns pilotos paravam e outros tentavam esticar a permanência na pista, Stefan Wilson bateu sozinho na entrada dos boxes e provocou a primeira bandeira amarela da prova. Com isso, aqueles que ainda não haviam feito pit-stop ficavam em situação complicada para poupar o combustível até a liberação da área de boxes.

Nesta situação, pior para Scott Dixon e Alexander Rossi, porque ficaram sem combustível ao chegar nos boxes e os seus motores falharam, fazendo a dupla perder volta e sair da briga pela vitória.

Após a relargada, a Ed Carperter Racing mostrou força mantendo dois carros na ponta, com Veekay e Conor Daly. A dupla liderou até a próxima janela de paradas nos boxes. A partir daí, alguns pilotos passaram a estender a janela de boxes e o pelotão começou a se misturar.

Uma equipe que tentou estender a janela ao máximo foi a Rahal-Letterman-Lanigan, que defendia a vitória em Indianápolis com Takuma Sato e Graham Rahal. No entanto, foi na parada de Rahal que tudo deu errado na volta 128.

Uma das porcas do carro de Rahal não foi bem fixada e a roda se soltou na saída dos boxes, causando o acidente do carro 15. O pneu ainda quicou na pista e atingiu o bólido de Conor Daly. Felizmente, ninguém se machucou na batida.

A prova recomeçou com Alex Palou, Hélio Castroneves e Pato O’Ward se revezando pelas primeiras posições, já demonstrando ser o trio que disputaria a vitória em Indianápolis. Mais atrás alguns pilotos pensavam em estratégias diferentes para subir no pelotão e entrar no páreo por meio da economia de combustível.

Nomes como Scott Dixon, Takuma Sato, JR Hildebrand e Felix Rosenqvist tentaram esticar o máximo para tentar fazer uma parada a menos no ciclo final e economizar combustível, mas não houve nenhuma bandeira amarela e todos tiveram que fazer a última parada.

Assim, A corrida ficou centrada entre Palou, Hélio e O’Ward. Simon Pagenaud (em grande recuperação, largando em 26º) e Ed Carpenter (que teve problemas nos boxes no começo da prova) conseguiram chegar no pelotão da frente, mas, do grupo, apenas o espanhol e o brasileiro monopolizavam a ponta, trocando de liderança.

Palou tomou a dianteira faltando cinco voltas para o fim e tentava manter o controle da ponta cortando o vácuo de quem vinha atrás. No entanto, Hélio veio forte a abertura do giro 198, ultrapassando o piloto da Ganassi no final da reta dos boxes. Com um grande grupo de retardatários à frente, o brasileiro usou o vácuo ao seu favor para não dar a chance de um último bote do espanhol.

A emoção vista no Indianapolis Motor Speedway na bandeirada final era sentida por todos. Os 135 mil espectadores presentes ao autódromo (maior público em esportes desde o início da pandemia, sendo todos os presentes já vacinados) celebravam o recorde de Hélio. O brasileiro incorporou o apelido de Homem-Aranha mais uma vez e escalou o alambrado, junto com sua equipe de mecânicos.

Hélio foi cumprimentado por todos que via pela frente. Seus colegas pilotos, mecânicos da sua equipe e de outras, inclusive a Penske, sua antiga escuderia, e por outras personalidades, como Mario Andretti.  No alto do pódio, seu antigo patrão e agora proprietário do circuito de Indianápolis e CEO da Fórmula Indy, Roger Penske também o saudou.

https://twitter.com/IndyCaronNBC/status/1399121722402607116

A conquista do brasileiro é histórica em vários fatores:

  • Castroneves é o primeiro piloto de fora dos Estados Unidos a vencer quatro vezes a Indy 500;
  • Também foi a primeira vitória da Meyer Shank na Fórmula Indy, sendo a quarta equipe no século a vencer pela primeira vez em Indianápolis;
  • Hélio também conquista um doblete, pois já havia vencido no começo do ano as 24 Horas de Daytona;
  • Esta também foi a edição mais rápida da história, com duração de 2h37min17s384, superando em três minutos a edição de 2013 (também vencida por um brasileiro, no caso, Tony Kanaan).

Outros destaques

A Chip Ganassi foi a equipe dominante nos treinos, mas não conseguiu repetir a supremacia na corrida. Apesar disso, o segundo lugar ajudou Alex Palou a assumir a liderança do campeonato de pilotos da Fórmula Indy, com 36 pontos de vantagem para Scott Dixon, que foi apenas o 17º.

Apesar de ver a vitória em Indianápolis escapar, Alex Palou assumiu a liderança do campeonato (Chris Jones/IndyCar)

Simon Pagenaud foi outro nome da prova, subindo no grid e crescendo na reta final, tomando o terceiro lugar de Pato O’Ward na última volta e terminando em terceiro. No campeonato, o francês é o melhor representante da Penske, na quarta colocação, exatamente atrás do mexicano da McLaren.

Outro nome a conseguir uma reação foi Sage Karan. O piloto da Dreyer &Reibold largou em 31º e terminou em sétimo. Além disso, o americano liderou duas voltas encerrando um curioso tabu: Quem largava da posição 31 não liderava uma prova desde 1932(!)

Juan Pablo Montoya teve um desempenho discreto, mas eficiente. O colombiano foi remando no pelotão e escapou das confusões terminando num sólido nono lugar.

Tony Kanaan penou com a estratégia, mas salvou um top-10 (Chris Owens/IndyCar)

Considerado um dos favoritos antes da prova, Tony Kanaan teve uma jornada complicada. A Chip Ganassi não conseguiu acertar a mão na estratégia e o baiano teve que remar no fim do pelotão por boa parte da prova, mas com a mudança de tática na segunda metade da prova, o campeão da Indy 500 de 2013 reagiu e completou a prova na décima posição.

Já Pietro Fittipaldi não teve a mesma sorte. Estreando na prova pela Dale Coyne, o neto de Emerson Fittipaldi teve um ritmo consistente no pelotão e chegou a andar em segundo, mas como o brasileiro seguiu a estratégia de stints mais longos e de economia de combustível, foi forçado a parar perto do fim e terminou em 25º.

Além de Stefan Wilson, outros dois pilotos rodaram nos pits: Will Power, que vinha escalando bem o pelotão, até girar no pit-lane, conseguiu voltar à prova e concluiu só em 30º, duas voltas atrás dos líderes. Enquanto Simona de Silvestro teve sua rodada na última parada, mais perto do fim da corrida e acabou abandonando.

A Fórmula Indy retorna em duas semanas, com rodada dupla no Parque Belle Island, em Detroit, nos dias 12 e 13 de junho.

Confira a classificação das 500 Milhas de Indianápolis aqui!

Classificação do campeonato (após 6 etapas)

1 – Alex Palou (ESP) – Chip Ganassi/Honda – 248
2 – Scott Dixon (NZL) – Chip Ganassi/Honda – 212
3 – Pato O’Ward (MEX) – McLaren SP/Chevrolet – 211
4 – Simon Pagenaud (FRA) – Penske/Chevrolet – 201
5 – Rinus Veekay (NED) – Ed Carpenter/Chevrolet – 191
6 – Josef Newgarden (EUA) – Penske/Chevrolet – 184
7 – Colton Herta (EUA) – Andretti/Honda – 154
8 – Graham Rahal (EUA) – Rahal-Letterman-Lanigan/Honda – 148
9 – Scott McLaughlin (NZL) – Penske/Chevrolet – 143
10 – Marcus Ericcson (SUE) – Chip Ganassi/Honda – 138

14 – Hélio Castroneves (BRA) – Meyer Shank/Honda – 103 (1 corrida)
22 – Tony Kanaan (BRA) – Chip Ganassi/Honda – 79 (3 corridas)
29 – Pietro Fittipaldi (BRA) – Dale Coyne/Honda – 34 (3 corridas)

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