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E se Jamie Chadwick entrasse para a Fórmula E?

Durante o Festival de Berlim da Fórmula E, um possível vacilo de um funcionário da Venturi gerou um pequeno rumor sobre a ida de Jamie Chadwick para a equipe. Em uma conversa com um site estrangeiro, o funcionário teria dito “Ok, se você precisar de alguma informação sobre Felipe, Ed ou Jamie, é só me avisar”. Felipe e Ed, obviamente, eram Felipe Massa e Edoardo Mortara, mas quem era Jamie

A história foi contada no canal Fórmula E Zone neste vídeo, a partir de 10:14. Nele, Jack Giordmaina relata que entrevistou Susie Wolff durante o Festival de Berlim e que Susie disse que Jamie “é uma piloto que você definitivamente tem que ficar de olho e que certamente outras equipes estão fazendo isso”. 

Contudo, de acordo com Jack, nas palavras de Susie: “Qualquer piloto precisa conquistar o direito de estar na Fórmula E, você não ganha um assento só porque ‘está indo bem’ em outras categorias. Você tem que ser consistente. Jamie foi campeã na W Series, então todos estão de olho nela”.

Apesar do tom de mistério de Susie Wolff, não é segredo para ninguém que ela e Chadwick possuem uma ligação através do Dare to be Different (Ouse Ser Diferente, em tradução literal), projeto de Susie que visa dar visibilidade a pilotas. 

Se Jamie Chadwick vai ou não estrear na Venturi na próxima temporada, ainda não sabemos. O fato é que existe a vaga deixada por Felipe Massa e muita gente está de olho nela. Mas será que Jamie é uma candidata real a ocupá-la?

A SUPERLICENÇA

Assim como a Fórmula 1, a Fórmula E também exige uma quantidade mínima de pontos na Superlicença para que um piloto possa correr na categoria. São precisos 20 pontos adquiridos em 3 anos para se qualificar a uma vaga de titular, mas não é só isso, todos eles precisam receber uma qualificação exclusiva para pilotar carros elétricos. 

Essa qualificação é obtida através de um treinamento desenvolvido pela FIA em que os pilotos aprendem sobre segurança elétrica, características específicas de um carro totalmente elétrico de Fórmula E, além de revisarem os aspectos técnicos e esportivos da categoria.

A primeira temporada da W Series não deu pontos para nenhuma das participantes. A partir deste ano, seriam atribuídos 15 para a primeira colocada, 12 para a segunda e 10 para a terceira (pontos seriam dados até o 8º lugar no final), mas aí “havia uma pandemia no meio de caminho” e os planos foi adiados para 2021. 

Chadwick, então, se mexeu como pôde. Disputou a F3 Asiática, terminou em 4º no campeonato, conseguindo seus primeiros 10 pontos. E também está participando da F3 Europeia pela equipe Prema, campeonato que começou no dia 3 de agosto e vai até 6 de dezembro (após primeira etapa, o brasileiro Gianluca Petecof é o líder com 55 pontos e Jamie é a 5ª colocada com 27).

A britânica tem até lá para conseguir mais 10 pontos e chegar aos 20 necessários para se tornar elegível para a Fórmula E, ou seja, ela precisa minimamente do 4º lugar geral. Caso seja campeã, somará 30 pontos e terá os 40 de que precisa para ir para a Fórmula 1.

W Series - Jamie Chadwick recebe prêmio da categoria após se tornar campeã
W Series – Jamie Chadwick recebe prêmio da categoria após se tornar campeã

TESTE PELA JAGUAR

Chadwick não é uma figura estranha à Fórmula E. Ela participou do teste de novatos em março deste ano pela Jaguar tendo Sacha Fenestraz como companheiro de equipe. Na ocasião, Jamie fez o 13º tempo entre os 22 pilotos participantes do teste e ficou 3 posições atrás de Fenestraz. 

Jamie também falou sobre o teste em um podcast da Jaguar: “Existem dois lados em um teste como o de Marrakesh. Para começar, tem o papel de desenvolvimento para a equipe, pois esses testes são como ouro para os engenheiros”. 

De acordo com a piloto, o trabalho dos pilotos é complementar: “Nosso papel como novatos é ir para a pista, coletar informações, juntar o máximo de dados possível e fornecer feedback para a equipe”. 

Mas existe ainda outro fator crucial para os estreantes: “Os dias de teste são uma grande oportunidade para nós como pilotos, então do ponto de vista pessoal, eu só queria fazer o melhor trabalho que pudesse. Como um jovem piloto, você está em um palco enorme, então você sabe que é uma boa oportunidade para se apresentar e mostrar suas habilidades potenciais em um carro como o Jaguar I-TYPE 4”.

Sobre os principais aprendizados, Jamie revelou que “Aprendi que a principal habilidade na Fórmula E é a adaptabilidade, pois você tem que se aclimatar o mais rápido possível. A forma como as pista de rua evoluem ao longo do dia é desafiadora, não é como nada que eu tenha experimentado antes. Você está aprendendo constantemente em um fim de semana de Teste do Novatos e ter a oportunidade com o Jaguar foi incrível”.

Caso consiga mesmo uma vaga na Venturi, Chadwick se juntará a Max Günther, Nick Cassidy e Sérgio Sette Câmara que participaram do mesmo teste antes de virarem titulares. 

PILOTAS NA FÓRMULA E

Três pilotas já passaram pela Fórmula E: Michella Cerruti, Katherine Legge e Simona de Silvestro. 

Simona foi a única que disputou uma temporada completa na Fórmula E, ela foi piloto da Andretti em 2015/16 ao lado de Robin Frijns e é a atual piloto reserva da Porsche. 

Além delas, Alice Powell também participou do teste de novatos pela Virgin e disputou a segunda temporada da Jaguar I-PACE eTrophy.

Teste de Rookies em Marrakesh - Foto Jaguar
Teste de Rookies em Marrakesh – Foto: Jaguar Racing

EXISTE VAGA PARA JAMIE CHADWICK NA FÓRMULA E?

Sim, existe. Doze equipes disputam a categoria e apenas Techeetah, Virgin, Jaguar e Porsche confirmaram seus dois pilotos para o ano que vem, as outras estão com uma ou as duas vagas livres. 

A 7ª temporada da categoria começa dia 16 de janeiro em Santiago no Chile. A pré-temporada deve ser realizada no final de novembro na Espanha (como nos últimos anos) ou na Inglaterra. O tempo pode ser apertado, mas é possível. 

A ida de Jamie para a Fórmula E depende dela nesse primeiro momento. Mostrar bons resultados, ritmo de corrida, capacidade de disputas e de suportar a pressão de conquistar muito em pouco tempo, serão alguns dos fatores que podem levar à ascensão da carreira da britânica, não só rumo à Fórmula E, mas a outras categorias também, especialmente a Fórmula 1. 

Chadwick já tem ligação com a categoria máxima do automobilismo por ser piloto de desenvolvimento da Williams, mas por não ser reserva, seu papel é muito mais interno. Talvez haja uma “promoção” quando os pontos da superlicença vierem.

Jamie Chadwick na Jaguar - Foto: Reprodução
Jamie Chadwick na Jaguar – Foto: Reprodução

Todos sabemos que esse é o objetivo de Chadwick, mas com o grid cada vez mais apertado, a Fórmula E se torna cada vez mais uma alternativa viável de carreira para jovens pilotos vindos de categorias de base, a exemplo de Max Günther e Nyck de Vries. 

A parceria entre Jamie e Susie seria ótima para a Venturi, ter uma piloto mulher chefiada por uma mulher que possui outra mulher como braço direito é o estar no topo da representatividade feminina no automobilismo, dentro do cenário atual. 

Uma piloto mulher seria um atrativo comercial para qualquer equipe das duas categorias, mas Chadwick precisa provar todos os dias que vai chegar ao topo do automobilismo por mérito próprio e porque é plenamente capaz de competir de igual para igual com qualquer adversário, independente do gênero. 

De um modo geral, é mais fácil entrar na Fórmula E do que na Fórmula 1, principalmente pela questão da Superlicença – que é o maior drama de qualquer piloto de base atualmente. Depois disso, é difícil dizer quais serão os próximos passos da britânica, mas a competição de carros elétricos pode sim se tornar um caminho possível.

Jamie Chadwick na Jaguar – Foto: Jaguar Racing

A partir do ano que vem, a Fórmula E será oficialmente um campeonato mundial. É um caminho mais curto do que passar pela F2 e depois ir para a F1, fora que é preciso estar em uma ótima equipe para conquistar o campeonato. 

Mas independente das suas escolhas, os holofotes já estão voltados para Chadwick, ela é a mulher mais próxima de chegar às principais categorias do automobilismo hoje. Mesmo com apenas 21 anos, ela já carrega nos ombros a “responsabilidade” de ser a primeira mulher a correr pela Fórmula 1 depois de mais de 40 anos, mas se quiser dar uma passada pela Fórmula E primeiro, será muito bem vinda!

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