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Contos Marroquinos: o melhor e o pior de Marrakesh

O ePrix de Marrakesh mostrou que não precisamos de grandes incidentes para termos uma corrida boa. Se não fosse pelo abandono de Sims na última volta, teríamos todos os carros passando pela linha de chegada. A prova foi muito disputada em vários pontos do grid com destaque para Mitch Evans com sua excelente corrida de recuperação, Jean Eric Vergne que conseguiu um pódio mesmo doente e Antonio Félix da Costa com sua vitória arrasadora.

Mas teve mais que isso, erros e acertos de estratégia, ordens de equipe, punições, brigas internas e muitas outras coisas. Confere aí:

lll Nio

A sina da Nio parece não ter fim. Até que a equipe ensaiou uma volta por cima nos primeiros ePrix dessa temporada com Oliver Turvey conseguindo boas posições nos treinos classificatórios, mas ao que tudo indica, foi apenas fogo de palha. Os chineses seguem como os únicos que ainda não marcaram pontos e caminham a passos largos para se manterem no fim do grid por mais um ano. Isso porque, apesar dos incríveis esforços de Turvey para tentar se colocar à frente no pelotão, o carro ainda enfrenta sérios problemas de confiabilidade e perde muito ritmo de corrida. Por esse motivo, Turvey perdeu tantas posições quando conseguiu largar próximo ou dentro do top 10. 

Mas a Nio também se encontra diante de um problema ainda mais sério: Ma Quinghua. O chinês simplesmente não consegue apresentar o básico para o se espera de um piloto da Fórmula E. Foi o único a levar volta do vencedor da corrida, sua volta mais rápida foi 3 segundos atrás do mais lento, foi punido por queimar a largada e terminou há 35 segundos de distância do companheiro de equipe. A Nio terá um mês e meio para decidir o que fazer com Ma. #Oremos

lll Dragon

Figurando no fim da tabela há um tempo, a Dragon não aparenta ter forças para mudar sua situação. Mesmo largando de um bom 12º lugar, Brendon Hartley teve problemas com o gerenciamento de energia do carro e foi despencando até o 19º. Pior ainda foi Nico Muller que cometeu um erro durante o quali e por causa de 0.3 segundos largou em 16º quando poderia ter ficado entre a 8ª e a 10ª posições. Se ele conseguiria ter terminado bem a corrida, nunca saberemos. O que sabemos é que Nico levou um drive through por uma manobra errada durante a largada, o que lhe restou foi o 20º lugar e muitas dores de cabeça. 

lll Mahindra

A Mahindra é outra que segue tentando lidar com uma infinidade de problemas durantes as corridas. A equipe indiana se agarrou ao passado para tentar manter o pensamento positivo, mas se inspirar nas duas vitórias conquistadas em anos anteriores nesse mesmo ePrix não foram suficientes para o sucesso do time. D’Ambrosio fez uma corrida discreta e chegou em 13º, já Wehrlein teve um pneu furado após disputa com Sam Bird e cruzou a linha de chegada na penúltima posição, ele até fez a volta mais rápida da prova (1:20.345), mas ficou sem o ponto extra por estar fora do top 10. Alguém está precisando de um banhozinho no rio Ganges urgentemente.

lll Porsche

A Porsche continua com seus dois pilotos em uma gangorra. Na maior parte do tempo Andre Lotterer fica com a posição mais alta. O alemão foi para a Super pole e largou do terceiro lugar, mas perdeu posições durante a corrida e terminou em 8º, mesmo se envolvendo em boas disputas por posição. O carro da Porsche não está totalmente acertado – ok, ninguém esperava que eles conseguissem acertar tudo de primeira, logo no começo da temporada – mas quanto mais rápido a equipe entrar nos eixos, mais rápido Lotterer trará resultados como o pódio da etapa de abertura dessa temporada. Falo de Lotterer porque as coisas estão um pouco mais complicadas para Neel Jani, o suíço largou em 23º e ganhou apenas 5 posições durante a corrida. A equipe teve que contentar com os 4 pontos de Lotterer mesmo.

lll Venturi

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Falando em gangorra, podemos chamar a Venturi para a conversa porque eles parecem entender bem do assunto. Enquanto Edoardo Mortara segue largando na frente, disputando boas posições e marcando pontos, Felipe Massa ainda trava batalhas com o carro e aparenta ainda não ter se adaptado à Fórmula E. Como discutido no BPCast pós ePrix de Marrakesh, com apenas 2 pontos no campeonato, a performance de Felipe começou a levantar questionamentos na imprensa internacional, indicando que pode haver descontentamento com o seu desempenho dentro da Venturi. 

Embora ninguém da equipe tenha comentado o assunto, não é possível que nenhum deles tenha percebido a diferença de resultados entre o brasileiro e seu companheiro de time. Mortara chegou em 5º no Marrocos e tem 30 pontos a mais que Massa no campeonato,lo suíço marcou 32 dos 34 pontos que a Venturi possui atualmente. Felipe precisa encontrar um ritmo para ontem. Para semana passada, eu diria, ainda mais com a possibilidade de termos duas corridas a menos.

lll Virgin

Alguém viu a Virgin nesse ePrix? A equipe britânica só apareceu mesmo nas primeiras etapas desta temporada e tem andado meio sumida há um tempinho. Ok, Sam Bird quase foi ao pódio no México, mas o “quase” não leva ninguém a lugar nenhum, não é mesmo?

Bird, aliás, marcou o único pontinho que a equipe conseguiu no Marrocos. Frijns sofreu um acidente durante o quali que danificou o carro e o fez largar em 22º, ele ainda ganhou 10 posições na pista, mas nada mais para ajudar a equipe a subir na tabela dos construtores.

lll Audi

Lucas di Grassi assumiu que o carro da Audi não está bem nesse começo de temporada. O desabafo do brasileiro mostrou que o problema não é “apenas o sistema de qualificação”, mas o acerto do carro também não está contribuindo para que os alemães cresçam na competição. Falando em alemão, Daniel Abt teve mais uma performance questionável, com um 14º lugar e mais um entrave com Felipe Massa, Abt tem agravado ainda mais a vida difícil da Audi. Lucas fez mais uma corrida de recuperação, de 13º para 7º e 6 pontos a mais para ele e a equipe. Graças a isso conseguiu se manter em 5º no campeonato, mas até quando?

lll Mercedes

Toto Wolff esteve no Marrocos para acompanhar pessoalmente o desempenho da Mercedes, mas a presença do todo-poderoso não parece ter trazido sorte para a equipe. Os alemães, aliás, parecem ter esfriado demais as baterias do carro de Vandoorne, o belga largou em 17º e chegou apenas em 15º, resultado horrível para quem chegou a liderar o campeonato. Agora ocupando a 6ª posição na tabela, Vandoorne vê todos os concorrentes crescendo no campeonato, inclusive seu companheiro de equipe. Nyck de Vries foi punido por um erro da equipe, uma má configuração do software fez o carro do holandês gerar muita energia durante o regen, o piloto ocupava o 3º lugar quando recebeu um drive-through. No fim, de Vries chegou em 11º, à frente do companheiro de equipe, mas ainda assim sem pontos. E agora, Mercedes?

lll Nissan

 

Os franceses aparentavam ter uma corrida tranquila, com Sébastien Buemi indo para a Super Pole e figurando entre os primeiros durante toda a prova. O suíço terminou a prova em 4°, após largar do 6° lugar e ter boas disputas com Lotterer e Mortara. O desempenho de Buemi foi discreto, mas eficiente, o que é um grande lucro para quem só marcou os primeiros pontos na etapa passada. A Nissan parece dar sinais de recuperação. 

Com Oliver Rowland a história foi diferente. O britânico foi obrigado a obedecer uma ordem de equipe e teve que ceder a posição para Buemi ainda na primeira, apesar dos protestos de Rowland. A ideia era que eles ganhassem posições juntos, semelhante ao que aconteceu com a Techeetah corridas atrás, mas Oliver não conseguiu acompanhar Buemi e acabou perdendo posições por precisar economizar energia. O piloto terminou a corrida em 9° furioso com a equipe.

lll Jaguar

A Jaguar merece o troféu abacaxi desse ePrix – e provavelmente da temporada. Isso porque a equipe cometeu o erro bizarro durante o treino classificatório de liberar Mitch Evans tardiamente para a pista, o piloto não conseguiu abrir a volta antes das luzes ficarem vermelhas e não marcou tempo. O resultado: último lugar no grid e uma fantástica corrida de recuperação com um sexto lugar na bandeirada final. 

Com ultrapassagens bem pensadas e uma corrida executada com maestria, Mitch Evans definitivamente se coloca como um dos grandes nomes dessa temporada e possivelmente um candidato a título, resta saber se o copo vai estar meio cheio ou meio vazio e se os pontos não conquistados farão falta no futuro, já que Evans certamente teria disputado pódio. Ah! Mitch ainda levou o ponto da volta mais rápida da corrida por ter feito 1:20.737.

James Calado não fez uma corrida das suas, para quem teve boas corridas corridas de recuperação, largar em 10° e chegar em 16° nem de longe é um bom resultado. O novato obviamente não consegue acompanhar o ritmo do companheiro de equipe, mas ter conseguido marcar pontos em corridas anteriores por de lhe dar certo crédito com a equipe. Quando conseguir melhorar seu desempenho no quali, certamente vai dar trabalho a quem disputar posições com ele.

lll BMW

Max Guenther foi o homem da BMW nessa corrida. O jovem piloto passou pela Super Pole e conquistou um ótimo segundo lugar após uma ultrapassagem fantástica em cima de Jean Eric Vergne – precisamos lembrar desse momento para votarmos no “Melhores do Ano”. Guenther chegou a liderar a corrida, mas rapidamente entendeu que sua posição era temporária e que ele era uma peça na estratégia da Techeetah. Mesmo assim, Max não desistiu e impediu a dobradinha dos rivais franco-chineses conquistando o segundo lugar na última volta.

Alexander Sims atuou como coadjuvante em Marrakesh e mostrou que tem sérios problemas com o circuito marroquino. Mesmo conseguindo ganhar posições no grid, o piloto foi o único a abandonar a prova. O carro 27 apresentou problemas e parou na mesma curva em que Sims e da Costa se envolveram em um acidente ano passado. Ele estava em 5° lugar na hora da falha. Uma pena!

lll Techeetah

 

O fim de semana da Techeetah parecia que seria um pesadelo. Ainda na sexta-feira, Vergne adoeceu e não participou do primeiro treino livre. O francês chegou a ser liberado para não correr, mas decidiu competir. Largou em 11° para chegar na 3a posição e fez uma corrida fantástica, principalmente considerando seu estado de saúde. No pódio, Vergne visivelmente estava debilitado e pouco comemorou com a equipe depois. Mesmo assim, o desempenho do francês foi de tirar o chapéu. 

A vitória de Antonio Félix da Costa coroou o fim de semana da Techeetah. O piloto português parece ter finalmente se acertado com a equipe. O primeiro lugar no pódio veio após a pole position e uma estratégia brilhantemente arquitetada: em determinado momento, da Costa deixou Guenther assumir a liderança para economizar energia, o português acompanhou o alemão de perto e recuperou a posição após o segundo modo ataque que foi acionado no momento certo. De volta à ponta do grid, da Costa deixou Guenther brigando com Vergne e cruzou a linha de chegada com 11 segundos de vantagem para os dois. 

A primeira pergunta que da Costa fez após a bandeirada foi se Vergne tinha chegado em segundo lugar e depois rasgou elogios ao companheiro de equipe por ter conseguido um resultado tão bom mesmo estando doente. 

A Techeetah conseguiu o melhor resultado possível, dentro das condições da corrida. Com estratégias diferentes, os entraves internos parecem ter sido sanados, o que demonstra que a nova líder do campeonato tem grandes chances de ser bicampeã se conseguir deixar cada galo em um canto. Da Costa deixa Marrakesh na liderança da tabela entre os pilotos, se conseguir administrar a diferença para Vergne, deve ser o favorito ao título. Olho nessa briga!

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p style=”text-align: justify;”>Com o adiamento das etapas de Sanya e Roma, a próxima etapa da Fórmula E está prevista para o dia 18 de abril em Paris. Alguém ousa arriscar o que vai acontecer lá?

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