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Comissão debate a necessidade de mais clareza com as regras da Fórmula 1

A finalização do GP de Abu Dhabi ainda está gerando várias manifestações dentro da comunidade, além disso, após o encerramento da corrida, vários pilotos deixar a sua opinião sobre o ocorrido. Obviamente a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) notou a insatisfação e por meio de uma declaração no seu site oficial, informa que eles vão analisar o GP de Abu Dhabi.

Nesta quinta-feira (16) a Mercedes optou por não dar o segmento ao protesto, no domingo após o encerramento da prova eles logo manifestaram a sua insatisfação com o resultado. A Mercedes tinha se mentido em silêncio até está manhã, quando optou por não seguir com o recurso, mas informou sobre uma Comissão que será instaurada para investigar o que aconteceu de errado em Abu Dhabi.

A Mercedes não vai buscar o oitavo título de Lewis Hamilton e ainda parabenizou a Red Bull pela conquista. Entretanto, isso pode ser apenas o início de um acordo entre Mercedes e FIA, assim como a Ferrari fez um 2020, tendo uma das temporadas mais complicadas. A compreensão geral é que houve uma troca entre as partes, que permitiu a Ferrari escapar de uma penalidade maior.

O atual Regulamento Esportivo da Fórmula 1 é bem extenso, tenta ter controle de várias situações que podem acontecer na pista, mas também existem áreas cinzentas onde é possível ocorrer algumas dúvidas e interpretações por parte dos comissários e diretor de prova. O que aconteceu em Abu Dhabi, é que havia o artigo 48.8 que mencionava como deveria ser a conduta diante do Safety Car, ele prevê a questão do reposicionamento do grid para aqueles pilotos que foram ultrapassados pelos líderes, assim como a necessidade de dar mais uma volta quando a ação é concluída.

Embora a conduta fora errada, a FIA usou o artigo 15.3 para rebater, informando que o diretor de prova tem controle do uso do Safety Car, determinando a sua entrada e saída de uma corrida.

As escolhas do diretor de prova, mudaram o rumo final da corrida – Foto: reprodução

“As circunstâncias que envolveram o uso do Safety Car após o incidente com o piloto Nicholas Latifi e as comunicações relacionadas entre a equipe de direção de prova da FIA e as equipes de Fórmula 1 geraram incompreensões e reações significativas das equipes de Fórmula 1, pilotos e fãs. Argumentos que atualmente mancham a imagem do Campeonato e a devida comemoração do primeiro título do Mundial de Pilotos conquistado por Max Verstappen e do oitavo título consecutivo do Campeonato Mundial de Construtores conquistado pela Mercedes”, disse a FIA pelo comunicado.

E é exatamente isso que será discutido agora, os times e seus pilotos precisam saber mais sobre o regulamento para compreender essas ações. Afinal, esta forma de utilização do Safety Car não é algo praticado, além disso se ele está na pista é por uma questão de segurança. O diretor de prova deveria ter todo esse poder na condução de como uma corrida?  A realidade é que existiam outros precedentes que jogavam mais a favor, sem dar essa cara de preferência para um dos lados.

Mesmo com a decisão da Mercedes de retirar o processo, é inevitável, a decisão ficou maculada, sempre haverá um questionamento sobre qual seria a melhor conduta e o apontamento dos erros cometidos.

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“Após a apresentação de um relatório sobre a sequência de eventos que ocorreram após o incidente na volta 53 do Grande Prêmio e em um constante esforço para melhorar, o Presidente da FIA propôs ao Conselho Mundial do Esporte Motor que um exercício de análise e esclarecimento detalhado para o futuro com todas as partes relevantes ocorrerá agora.”

A FIA vai conversar com as equipes e pilotos, analisar o que ocorreu e tentar mudar para o futuro, evitando que um novo episódio como esse aconteça. Entretanto, Abu Dhabi foi o lugar que escancarou as falhas, mas outros episódios que ocorreram ao longo da temporada, instauraram praticamente um andar em uma corda bamba, onde o equilibrista estava buscando fornecer mais entretenimento em seu show.

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O ponto é, a necessidade de mais clareza na tomada de decisões é extremamente necessária, pois não é algo que afeta apenas as relações internas da Fórmula 1 ou como os competidores vão se portar em pista.  Os participantes externos como a mídia e os fãs também necessitam de mais clareza, pois como a Mercedes disse em seu comunicado, é ruim perder a fé em um esporte que se gosta tanto.

Lewis Hamilton era o líder da corrida até a relargada acontecer na última volta da prova – Foto: reprodução

Chegamos ao final da temporada com dois pilotos disputando ferozmente o campeonato, onde os dois eram merecedores do título. Pela corrida, Lewis Hamilton poderia ser facilmente o homem a levar o título para a casa, principalmente após ser extremamente dominante, mas Max Verstappen também contribuiu para que a disputa fosse tão acirrada até o final.

E é justamente por ter duas pessoas que mereciam tanto, que é muito frustrante ver a temporada se encerrar dessa forma, com um asterisco e questionamentos do que poderia ser feito de forma diferente.

O episódio na Bélgica já fez a categoria repensar na conduta do que é válido como uma corrida e naquele momento o diretor de prova também teve muita influência com as decisões que foram tomadas. Implicando até mesmo na decisão do Campeonato de Construtores, onde a Alfa Romeo viu a Williams conseguindo pontos que foram fundamentais para consolidar o time de Grove na 8ª posição do Campeonato de Construtores.

“A FIA fará, portanto, todos os esforços para que isso aconteça dentro da governança da Fórmula 1 e irá propor à Comissão de Fórmula 1 dar um mandato claro de estudo e proposta ao Comitê Consultivo Esportivo, com o apoio dos pilotos de Fórmula 1, para que qualquer feedback e conclusões significativas identificadas devem ser feitas antes do início da temporada de 2022.”

Este é o acordo que vamos tomar conhecimento antes que a competição seja reestabelecida em 2022. A Mercedes também pode ter fechado um acordo com a FIA para o próximo ano, conseguindo algum benefício, pois certamente não deixaria uma história como a perda do título do seu piloto, apenas com as mãos abanando. Mesmo sendo um esporte e com o espírito da competição aflorados, a Fórmula 1 também é política.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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