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Analisando a primeira metade da temporada 2020/21 da Fórmula E

Sete das 15 etapas da temporada 2020/21 da Fórmula E já aconteceram. No dia 19 de junho começa a “parte 2” do campeonato com rodadas duplas em Puebla, Nova Iorque, Londres e Berlim. Com a etapa do México se aproximando, vale a pena relembrar o que aconteceu de Diriyah para cá e ver como cada equipe se saiu até agora.

NIO

A NIO apresentou uma melhora significativa comparada ao ano passado. A equipe chinesa fez uma grande renovação em sua estrutura e já começa a coletar bons resultados. Os chineses marcaram pontos nas quatro primeiras etapas da temporada e levaram os dois carros para a Super Pole em Diriyah e Valência. Agora possuem 18 pontos. Exatamente 18 a mais que em toda a temporada passada.

Sim, eles ainda ocupam o último lugar na tabela, mas não há como negar que a evolução da equipe é real e que, aparentemente, eles entraram no caminho certo para serem competitivos de novo.

DRAGON

Também em curva de evolução, a Dragon ainda luta para se manter competitiva. O bom início de temporada da equipe animou os espectadores da categoria, mas o time americano ainda é inconstante demais para se projetar um resultado para o fim da temporada. Os problemas de confiabilidade e desempenho do carro comprometem os bons resultados da dupla de pilotos que até conseguiu se classificar bem em alguns momentos, mas perdeu o ritmo durante as corridas.

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A equipe tem 42 pontos, por enquanto. Quase metade deles, 18 para ser precisa, foram conquistados no caótico EPrix de Valência completado por apenas nove pilotos. Nico Müller chegou em segundo na ocasião. A Dragon estreou o novo powertrain em Mônaco e ainda tem um longo caminho pela frente, vamos ver como esse equipamento vai contribuir nessa caminhada.

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VENTURI

A Venturi está na 10ª posição do campeonato de construtores e pode-se dizer que isso é mais ou menos o que se espera dela. A equipe de Mônaco teve um ou outro momento expressivo na categoria, mas geralmente ocupa o lugar de coadjuvante. Usando o powertrain da Mercedes pelo segundo ano consecutivo, o time liderado por Susie Wolff pontuou em três corridas até agora.

O ponto alto foi o segundo lugar de Edoardo Mortara na primeira corrida em Diriyah – com direito a uma das ultrapassagens mais lindas da categoria. Norman Nato ainda chegou a terminar a segunda corrida em Roma na terceira posição, mas foi desclassificado por excesso de uso de energia.

É difícil dizer o quanto eles ainda serão capazes de entregar nessa temporada, a Venturi é uma equipe que busca se colocar entre as que disputam pódios, mas não consegue se manter consistente nessa posição. O filme continua se repetindo.

NISSAN

A primeira das “gigantes” a cair. Definitivamente a Nissan não está em sua posição “de origem”. Acostumada a brigar por vitórias e disputar campeonatos, a montadora japonesa ainda não se achou nesta temporada. A estrela da equipe, o experiente Sebastien Buemi, é apenas o 22º na tabela de pilotos, à frente apenas de Norman Nato (Venturi) e Tom Blomqvist (NIO). 

Oliver Rowland responde por 35 dos 46 pontos da equipe e só não pontuou em duas corridas no ano, mas apesar dessa constância, ele ainda não foi ao pódio e não tem conseguido brigar sozinho por resultados melhores. 

A equipe tem sido chefiada pelos dois filhos de Jean Paul Driot desde o falecimento do fundador da Dams em 2019. Talvez a dualidade de comando exerça influência nos resultados deste ano. Seja como for, por hora a Nissan vê a briga pelo título bem de longe. 

MAHINDRA

Outra que também tenta se manter em forma é a Mahindra. O time de Dilbagh Gill renovou a dupla de pilotos para essa temporada e as novas parcerias já deram alguns bons frutos, mas o time indiano ainda peca pela falta de consistência.

A temporada começou com o acidente assustador de Alex Lynn na Arábia Saudita, uma corrida depois de ele ter se envolvido em um acidente com Sam Bird. A Mahindra, aliás, tem uma das duplas com o maior número de abandonos até agora: dois DNFs e um DSQ para cada piloto. 

Como bons frutos, a equipe colheu dois pódios (um de cada piloto) e uma volta mais rápida de Alex Lynn, além de algumas visitas à Super Pole e um pontinho extra para o próprio Lynn por ter sido o mais rápido na fase de grupos. 

PORSCHE

Parece que as coisas ainda estão entrando nos eixos na Porsche, que faz a sua segunda temporada esse ano. Pascal Wehrlein parece ter se adaptado bem à equipe e pontuou nas quatro primeiras corridas do ano. Ele ainda herdou o pódio do desclassificado Nato em Roma. 

A vida de Andre Lotterer não tem sido tão fácil. O experiente piloto se envolveu em diversos incidentes durante a temporada e só pontuou na segunda corrida de Valência, quando chegou na segunda posição. São 18 pontos contra 32 de Wehrlein.

A Porsche perdeu pontos valiosos na primeira parte do campeonato. Será que se recupera? 

AUDI

Mais uma temporada com começo difícil da Audi. Não que a equipe não esteja habituada a se recuperar durante o campeonato, mas o fato é que viver no modo hard tem custado caro para os alemães. 

Lucas di Grassi completou cinco das sete provas disputadas até agora e pontuou em todas elas, mesmo assim ainda se encontra em um incômodo 19º lugar na tabela de pilotos com apenas 14 pontos. O brasileiro ainda tem dificuldades em conseguir uma boa posição no Quali e precisa escalar o grid durante as corridas. Ele é bom nisso, costuma ganhar oito, dez posições em cada corrida, mas com adversários tão competitivos, o máximo que conseguiu foi o 7º lugar em Valência. 

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René Rast tem se saído melhor. É o 8º no campeonato com 39 pontos e fez a volta mais rápida na primeira corrida do ano. Teria mais se não tivesse batido no muro em Mônaco e abandonado a prova enquanto disputava posição com Nick Cassidy. Rast tem feito um ótimo trabalho na equipe. Com a Audi de saída no fim da temporada, é o que ele precisa fazer para conseguir uma vaga para o ano que vem. 

BMW

A BMW também vem lutando contra as suas inconstâncias. A equipe que dominou boa parte da pré-temporada e empolgou muita gente com a boa performance na época, agora mostra que tem ficado um pouco para trás na disputa com as outras equipes. 

Max Guenther conseguiu dois bons quintos lugares e 22 pontos no total, mas seus três abandonos o impediram de contribuir mais para o placar da equipe. O novato Jake Dennis possui 33 pontos, sendo que 29 deles foram conquistados na “corrida que ninguém queria vencer” em Valência – a segunda, de domingo, não a caótica do sábado.

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Apenas 13 pontos separam a BMW da Dragon, penúltima colocada entre as equipes, qualquer ponto extra será crucial nessa segunda fase. 

VIRGIN

A Virgin vive uma situação curiosa, com 81 pontos no total, ela possui uma distância confortável para o meio do grid, mas não está próxima o suficiente das líderes para representar uma ameaça real. Contudo, mas coisas na Fórmula E são imprevisíveis demais para que qualquer um crie uma falsa sensação de segurança, ainda mais com oito corridas pela frente. 

Robin Frijns é o atual líder do campeonato com 62 pontos, apesar de não ter vencido, tem dois pódios e ganhou pontos extras com uma pole position, uma volta rápida e por ter sido o mais rápido na fase de grupos. Um grande desempenho em comparação ao ano passado.

O novato da equipe, Nick Cassidy, tem feito um bom trabalho para um novato. Fez a pole position em Roma e chegou em 5º em Valência. Pontuou novamente em Mônaco, marcando 19 pontos. A adaptação de Cassidy tem sido elogiada pela equipe.

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TECHEETAH

A atual campeã não teve um começo de temporada dos sonhos, não marcou pontos na primeira corrida e mais uma vez viu seus pilotos disputarem posição roda com roda na segunda. 

Antonio Félix da Costa foi ao pódio na corrida 2 de Diriyah, fez a pole em Valência, mas perdeu a vitória certa na última volta quando ficou sem energia. O atual campeão de recuperou e venceu de forma excepcional em Mônaco, mostrando que está vivo na briga para manter seu título. São 52 pontos e o quarto lugar no campeonato.

Seu companheiro de equipe, Jean-Eric Vergne, é um dos cinco pilotos a não ter nenhum DNF nessa temporada. JEV ainda conseguiu pontuar em quatro corridas e ocupa a 7ª posição na tabela com 46 pontos. Sua vitória na primeira corrida de Roma impulsionou a classificação do francês. 

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A Techeetah está apenas a sete pontos da liderança, é bom ficar de olho.

JAGUAR

Acho que podemos concordar que a Jaguar é a surpresa da temporada. Sim, todos esperávamos um bom desempenho da dupla Evans-Bird, mas será que imaginávamos que seria tão bom assim? 

A jornada da Jaguar começou com o pódio de Evans na primeira corrida do ano. O recém-chegado, Sam Bird, tratou de mostrar seu cartão de visitas vencendo a segunda. Os bons resultados da equipe deram uma pausa em Valência (eles saíram zerados de lá) e voltaram em Mônaco com Evans conquistando seu terceiro pódio da temporada e Bird chegando em sétimo. 

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São 103 pontos e a vice-liderança do campeonato. Vale lembrar que ano passado a Jaguar também estava em posição competitiva antes da interrupção da temporada, mas o fraco desempenho da dupla no Festival de Berlim deu apenas o 7º lugar final para a equipe. Será que eles vão acertar o caminho dessa vez?

MERCEDES

A performance da Mercedes tem feito o mundo da Fórmula E se perguntar se a equipe também vai dominar essa categoria. A Jaguar tem feito de tudo para estragar a festa dos alemães, mas a verdade é que a Mercedes está muito bem preparada esse ano. 

Única equipe com três vitórias até agora (duas de Nyck de Vries e uma de Stoffel Vandoorne), o time comandado por Ian James também possui duas pole positions e duas voltas rápidas – uma para cada piloto. 

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Os números seriam ainda mais altos se eles também não fossem uma das equipes com o maior números de DNFs até agora – três de cada carro, sendo um deles foi uma colisão entre os dois em Roma. 

A equipe chega a Puebla com 105 pontos, mas com sinal de alerta ligado, já que não pontuou nas duas últimas corridas. O fato é que não podemos subestimar a Mercedes. A briga vai ser boa.

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