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2021 – A busca por uma Fórmula 1 mais acessível e competitiva

Se tem um esporte que eu acompanho e posso dar os meus pitacos, é a Fórmula 1. É uma categoria muito carente em alguns sentidos, por exemplo, o dinheiro é o que mais conta. A cada ano, quando se fala em novas contratações, fica nítido que, se você tiver um cheque grande, pode dá-lo como forma de investimento e se manter na equipe por um ano e se no próximo conseguir algo melhor, pode continuar por mais uma temporada, mas se aparecer alguém que ofereça mais, você perderá a vez e assim os pilotos são facilmente descartados. E as pessoas ainda acham estranho os atuais contratos com prazo para o final de cada ano, bem diferente daqueles que em outras épocas que eram firmados por quatro ou cinco temporadas.

Max Verstappen renovação de contrato apenas para 2018, visando vagas na Ferrari e Mercedes. Fonte: @F1

O time que não tem investimento às vezes acaba morrendo, mas como sobreviver em um esporte assim já que o critério histórico é um grande peso na repartição do bolo ano após ano? Com isso os times acabam com recursos limitados e muitos andando lá no final do pelotão, só para ”encher” o grid já pré-estabelecido no Pacto de Concórdia. E caro leitor, vocês acreditam mesmo que a diminuição de troca de recursos no motor serve para realmente aproximar os times? Quem tem aqueles pedaços de papel, que deixam as pessoas felizes, continuam investindo por melhorias ao longo do ano e mesmo sendo punido com perdas de posições no grid, ainda são capazes de fazer uma corrida de recuperação, quem realmente perde são as pequenas que, mesmo fazendo inúmeras trocas, não vão para lugar nenhum durante a temporada.

A Fórmula 1 é uma briga por tecnologias e uma competição descarada de qual a montadora ou fornecedora de motor tem a melhor performance ao longo do ano. Muito se fala sobre as mudanças para 2021, depois que o Pacto de Concórdia acabar, mas as negociações já vão começar este ano, com duas reuniões que visam tratar a mudança dos motores, onde o sistema cinético MGU-K deve ser mantido, enquanto o sistema de recuperação de energia térmica, MGU-Hm pode ser retirado dos carros ou um equipamento padrão ser fornecido para todas as equipes. Das reuniões que já ocorreram, Lamborghini, Aston Martin e Porsche já manifestaram o interesse de entrar na categoria quando a ”nova era” começar.

Fonte: @RenaultSportF1 ‏

A Liberty Media, assim como os americanos, querem uma categoria mais competitiva, visando a oportunidade de todos alcançarem vitórias e com isso a competição ser maior. Eles não entendem como o orçamento de algumas equipes ultrapassam o 1,1 bilhão de reais, sendo que equipe vencedora de Nascar com dois carros consegue se manter com 64 milhões ao ano. A ideia também é trabalhar com uma repartição melhor do dinheiro para que a competitividade seja alcançada.

As mudanças vão além dos desenvolvimentos dos carros, também afetam diretamente o espetáculo: a Fórmula 1 passaria a ter 25 corridas ao longo do ano, mas a atividade em cada GP seria reduzida para dois dias.

Algumas pessoas, assim como Bernie Ecclestone acreditam que a Liberty Media está destruído a F1, com estas mudanças drásticas. Eu vejo de outra forma, a categoria precisa se fazer mais acessível e convidativa. A cada ano vamos nos autódromos e percebemos que ela é extremamente elitista e acaba afastando as pessoas do seu convívio. Não é só porque eu gosto do esporte que tenho que aceitar tudo o que ele impõe, mas muitas vezes deixamos. O primeiro passo já foi dado, o espetáculo está sendo mudado, as famílias são mostradas nas transmissões e mais pessoas vão se sentir convidadas a ir em busca de um ambiente seguro e familiar, trazendo com isso uma nova geração de fãs. É fato que as mudanças precisam ocorrer e nesse caso elas são bem-vindas.

As reuniões vão cutucar feridas que a muito se consideravam cicatrizadas, as maiores equipes não vão se sentir bem com a mexida nos bolsos que os novos tempos podem trazer, assim como não devem querer abrir mão do seu desenvolvimento tecnológico. Como o Livio Oricchio disse e concordo com ele: ”Assim como está no DNA da F1 cada equipe produzir seu carro, por exemplo, faz parte também do patrimônio genético de seus chefes de equipe ser resistente a qualquer tipo de mudança. Diante da profundidade do pretendido, podem ter convulsões”. Não vai ser uma guerra com tanques de guerra nas ruas, mas algum tipo de censura ainda deve ocorrer neste teste.

Texto inspirado no Por pacote de mudanças profundas, F1 e FIA enfrentarão resistência de equipes, redigido por Livio Oriccio. Os valores também foram retirados do seu texto para o Globoesporte.com

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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