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GP da Austrália de 1995, um GP cheio de efemérides

12 de Novembro de 1995, GP da Austrália, um GP cheio de efemérides. - Dia 175 dos 365 dias dos mais importantes da história do automobilismo

Hoje em dia estamos bastante acostumados a festejar o GP australiano. Afinal de contas, há alguns anos a prova na terra dos animais estranhos e insetos gigantes costuma ser um oásis onde matamos nossa sede de Fórmula 1, após um longo e tenebroso inverno (ou, no caso dos cabeças de gasolina brazucas, verão). Mas houve um tempo em que partíamos em nossa jornada anual pelas terras da decoração natalina e blocos carnavalescos após nos despedirmos do circo justamente lá no continente dos cangurus.

Em 1995 isto aconteceu pela última vez, num dia 12 de novembro. A prova, realizada no circuito de rua de Adelaide, foi a décima-sétima e derradeira daquele campeonato e, fazendo jus à necessidade de ser o Crocodilo Dundee para sobreviver por ali apenas 8 dos 23 pilotos que aceleraram no início da prova viram a bandeira quadriculada.

Spoiler: vitória fácil de Damon Hill. FONTE: F1Fanatic

Os campeonatos já estavam decididos, com Schumacher garantindo o bicampeonato no GP do Pacífico e a Benetton colhendo seu solitário título de construtores no GP do Japão. Nos treinos livres de sexta, um susto: Mika Häkkinen teve um pneu estourado e voou, batendo com força no anteparo. Seu capacete chocou-se contra o volante, causando uma pequena fratura em seu crânio e a consequente perda de consciência do piloto. O socorro médico (que, por sorte – um eufemismo que significa planejamento – estava justamente naquela curva no momento) realizou o atendimento imediato, sendo necessária uma traqueostomia de emergência para desobstruir as vias aéreas do finlandês, que foi levado para o hospital e recuperou-se rapidamente, contudo não a tempo de participar da corrida.

Enquanto isso, as Williams dominaram o classificatório, com dobradinha Hill-Coulthard na primeira fila. Logo atrás largavam um despreocupado Schumacher e a Ferrari de Berger. Atrás de Schumi, e já sabendo que iria trocar de máquina com o alemão no ano seguinte estava Alesi e, ao lado dele, Frentzen, com a Sauber-Ford.

Coulthard trocou de posição com o companheiro de equipe na largada, assumindo a liderança. Schumacher já estava pensando em Maranello, e quando olhou para o lado Berger e Alesi já tinham passado, porém o alemão rapidamente recuperou o terceiro posto.

Quando começou a primeira rodade de pitstops os pilotos começaram a cair como moscas: Coulthard liderava a corrida e também o fez na debandada, indo com muita sede ao pote ao entrar nos pits, não conseguindo frear e acertando o carro no pitwall. Uma façanha digna da música dos Trapalhões. Logo depois Schumacher a Alesi se encontraram na pista e, como um estava de olho no carro do outro, acabaram batendo. Johnny Herbert assumiu a segunda colocação atrás de Hill, entrou nos pits do mesmo jeito que Coulthard e, apesar de conseguir evitar o muro, perdeu o ponto de parada nos boxes da Benetton, fazendo um drive through ridículo. Berger herdou a vice liderança até seu motor ir para os ares. Em seguida veio Frentzen, e no caso dele foi o câmbio que não gostou da segunda posição e desistiu da prova. Herbert, que a essa hora já tinha parado de novo e desta vez com sucesso, voltou a aparecer atrás do líder, mas seu carro também teve problemas mecânicos e ficou pelo caminho.

Pessoas não acostumadas com o pódio detected. FONTE: Pinterest

Neste momento, a poucas voltas do fim da corrida, tínhamos Damon Hill reinando sozinho na primeira colocação, uma volta à frente da Ligier de Panis e duas a mais que o surpreendente Gianni Morbidelli com a Footwork-Hart. Ainda houve tempo para Hill dar outra volta sobre Panis, mas as três colocações finais ficaram assim mesmo.

“Puxa, Valesi, a corrida parece ter sido legal, mas por que no texto você disse que foi cheia de efemérides?”, está se perguntando o cabeça de gasolina neste momento. Vai lá a explicação então, em forma de lista para não ficar muito extenso:

  • Foi o último GP da Austrália fechando o campeonato – desde então a prova é disputada no início do ano;
  • Foi também a última corrida em Adelaide, já que a partir de 1996 o GP australiano passou a ser disputado em Melbourne;
  • Berger se tornou o único piloto a participar de todas as provas ocorridas em Adelaide até hoje, um total de 11 vezes presente – das quais venceu duas, uma pela Ferrari (87) e outra pela McLaren (92).
  • Foi o único pódio da carreira de Morbidelli;
    O que tinha de lenta tinha de bonita, essa tal Footwork. FONTE: Reddit
  • Foi também o único pódio de sua equipe, a Footwork (um dia precisamos falar sobre ela, que era Arrows até 1990 e tornou-se Arrows novamente em 1997);
  • A sétima posição de Pedro Paulo Diniz marcou a melhor chegada da equipe Forti, que durou apenas dois anos na categoria;
  • Despediram-se da F1 Karl Wendlinger e Roberto Pupo Moreno, além do outro piloto da Footwork, o fenomenal e impagável japonês Taki Inoue. Vale a pena fazer uma conta no Twitter só para seguir as barbaridades hilárias que ele posta em @takiinoue.
  • Este GP aconteceu exatamente 22 anos antes do Grande Prêmio do Brasil de 2017 e, quando este texto for publicado, o escriba estará em Interlagos, e espera sinceramente que alguém o aborde e diga que lê estas besteiras escritas aqui no Boletim do Paddock.

FORA DAS PISTAS

Nasceram em 12 de novembro o infame Charles Manson (1934), o excelente Neil Young (1945), o premiado e inexpressivo Ryan Gosling (1980) e a bonequinha de luxo de nossa geração Anne Hathaway (1982).

E, em 1965, em um ginásio escolar de New Jersey, uma banda que influenciaria boa parte do rock nos anos 70 e 80 fez seu primeiro show ao vivo. O Velvet Underground recebeu 75 dólares pelo espetáculo. Fiquemos com a simplicidade apaixonante Sweet Jane.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.

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